FOLHA DE SP - 04/04
RIO DE JANEIRO - Qualquer metrópole convive com problemas de transporte, acidentes de carros e atropelamentos. No Rio, a impressão de quem chega -e ainda não foi anestesiado pela beleza da cidade que habitualmente funciona de modo errado- é de risco iminente.
Nos ônibus, motoristas falam ao celular, ignoram corredores exclusivos, limites de velocidade e faixas de pedestres. Nos trens superlotados e sem ar-condicionado que quebram, passageiros ficam a pé no meio da linha, sem saber para onde ir. Em táxis, condutores fixam preços abusivos, escolhem passageiros e destinos e jamais param num sinal vermelho.
Os pedestres não se comportam melhor. Costuram por entre os carros a poucos metros da faixa. Mas não podem confiar no universal semáforo em nenhuma hora do dia.
Os dois trágicos casos de violência dos últimos dias -estupro de turista numa van e o acidente com ônibus num viaduto, com sete mortos- são apenas alertas mais estridentes da situação de risco em que vivemos, numa cidade que precisa se transformar, com cidadãos que precisam ser educados, com governos que precisam ordenar e fiscalizar de modo efetivo.
De um lado, criminosos que, na certeza da impunidade, especializam-se em assaltos até chegar à brutalidade de estupros e homicídios.
De outro, pessoas que se comportam como se a lei não existisse ou fosse só para os outros, certos da ausência de fiscalização e punição sobre si.
No geral, a constatação desoladora de uma sociedade que está distante do estado civilizatório que se imaginaria no século 21 em uma das maiores economias do planeta e que não é mais de Terceiro Mundo.
No fim, a certeza da impotência de cada um de nós, como cidadão, e a desconfiança da capacidade de chegarmos logo a uma solução. É preciso urgência nas coisas grandes e também nas pequenas.
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