O GLOBO - 30/03
O novo presidente da China, Xi Jiping, foi objetivo no primeiro giro internacional. Seu destino inicial foi Moscou, onde tratou, entre outros assuntos, da ampliação da compra de petróleo e gás russos pela China. Indicação de que vai muito bem a relação entre os dois gigantes, que já viveram às turras em outros tempos. A petroleira russa Rosneft, que fornece 15 milhões de toneladas de óleo por ano aos chineses, pretende chegar aos 50 milhões. Já a Gazprom planeja vender 70 bilhões de metros cúbicos de gás nos próximos 30 anos. A Rússia é a maior produtora mundial de energia e a China, sua maior compradora. Os acordos sinalizam que os dois países querem reforçar sua influência geopolítica em relação aos EUA, uma aliança histórica.
A segunda parada foi na África. Na Tanzânia, Xi cuidou dos interesses estratégicos da China, que se tornou a maior consumidora de matérias-primas e produtos primários do continente, para o qual exporta manufaturados.
Uma das preocupações do presidente chinês foi responder aos que acusam seu país de neocolonialismo. Ele prometeu ajuda, transferência de tecnologia e bolsas de estudo para conter as queixas de que as empresas chinesas, altamente competitivas, sufocam os esforços de países africanos para desenvolver indústrias e criar empregos.
Segundo o “New York Times”, o comércio da China com nações africanas chegou a US$ 198 bilhões em 2012, crescimento de 19,3% em relação a 2011. Petróleo, minério e outras commodities importadas de Angola, Nigéria e demais países respondem pela maior parte desse comércio. Por outro lado, sindicatos e empresas de África do Sul, Nigéria e outras nações acusam produtos manufaturados chineses de baixo custo de ameaçar os empregos e as perspectivas africanas de crescimento. Um dos perdedores com o avanço chinês na África foi o Brasil.
Da Tanzânia, Xi foi a África do Sul onde, pela primeira vez, protagonizou o papel de destaque de um líder chinês nas reuniões do Brics, formado ainda por Brasil, Rússia, Índia e o anfitrião do encontro. Dados citados pelo “Times” atribuem ao grupo 27% do poder de compra e 45% da força de trabalho global. Já o Banco Mundial diz que essas nações respondem por 50% do crescimento econômico do mundo, enquanto os países desenvolvidos patinam.
Brasil e China são parceiros no clube dos emergentes, mas também concorrentes ferozes no mercado mundial. A China já é a maior parceira comercial do nosso país, mas cancelou importações de minérios e de soja devido a gargalos em portos brasileiros que impedem o cumprimento dos prazos de embarque.
A crescente voracidade chinesa na importação de matérias-primas dá, inclusive, oportunidade para o Brasil comprometer o parceiro comercial no financiamento da urgente expansão e melhoria da infraestrutura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário