O GLOBO - 16/03
Aquela que um dia pareceu ser chapa possível para a disputa da Presidência da República - Aécio Neves na cabeça e Eduardo Campos de vice - tornou-se combinação improvável para 2014, mais pelo crescimento do governador de Pernambuco, que hoje é alternativa real de contraponto à reeleição de Dilma Rousseff e não aceita ser vice nem mesmo na chapa oficial. Falta, porém, definir em que campo ele exercerá o papel de oposição.
Se não tem dificuldades em criticar o PT, Campos não se sente bem no papel de opositor de Dilma, e muito menos de Lula. Não será fácil, portanto, desenhar uma candidatura que não seja de oposição "a tudo isso que está aíl mas a pontos específicos. O governador de Pernambuco corre o risco de fazer uma campanha como a da ex-senadora Marina Silva em 2010, que em nenhum momento criticou a candidata do PT diretamente, embora tivesse divergências tão graves com ela que acabaram levando-a a deixar o governo.
Marina tinha a vantagem de ter uma bandeira clara, a da defesa do meio ambiente, que bastou para que tivesse cerca de 20% dos votos. Mas faltou-lhe "gosto de sangue na boca" para se opor ao PT Campos tem a vantagem de não ser petista, como Marina sempre foi durante toda a sua vida política. Ao contrário, o neto de Arraes tem consigo lembranças de tentativas de golpe contra seu avô arquitetadas por José Dirceu, que queria tirar o PSB do grupo de Arraes com a ajuda de Garotinho, que chegou a disputar a Presidência da República pelo partido em 2002.
As divergências continuaram até hoje, quando o seu PSB disputou e derrotou candidatos petistas em vários estados, inclusive em Recife, mas eleições municipais. Realista, Eduardo Campos sabe que tem fragilidades partidárias diante dos principais adversários, Dilma e Aécio, e testa as chances de fazer alianças "que não precisem ser explicadas" mas que rendam tempo de TV, essa medida que se tornou fundamental para viabilizar qualquer candidatura. Nesse campo estão o PPS e o PDT Até mesmo uma eventual aliança com o DEM, que estaria se sentindo desprestigiado pelo PSDB, é possível. Além da relação que tem com o PSD de Kassab, que na undécima hora ficou em cima do muro em relação ao governo Dilma, rejeitando uma vaga no Ministério atual. "Mas eu não quero todos os pês, não" diz Campos referindo-se a diversas siglas que estão se oferecendo para apoiá-lo.
Muitas, ele sabe, buscam se valorizar dentro da aliança governista, e por isso a cautela é redobrada nas primeiras aproximações. Não foi por acaso que a presidente Dilma voltou a pensar em dar o Ministério do Trabalho para o PDT de Carlos Lupi, que estava em campo conversando não apenas com Eduardo Campos, mas também com o senador Aécio Neves.
A falta de estrutura de apoio nos principais colégios eleitorais - Rio, São Paulo e Minas -, ele acredita que poderá ser resolvida pelos embates dentro do PSDB e também com a disputa entre PT e PMDB no Rio. Partindo do princípio de que a ala paulista dos tucanos, especialmente a que segue o ex-governador José Serra, jamais se conformará com a escolha de um mineiro como candidato a presidente, Campos acha que, qualquer que seja o resultado dessa disputa, um dos dois estados se abrirá para ele.
Mantido Aécio Neves como candidato, ele acredita que a dissidência tucana pode lhe render bons votos em São Paulo. Caso o senador Aécio Neves tenha que desistir da candidatura por divergências insanáveis, Campos acredita que poderá receber seu apoio em Minas. No Rio de Janeiro, o PSB tem boa relação com o senador Lindbergh Farias - que acompanhou a apuração da eleição municipal na casa de Alexandre Cardoso, eleito prefeito de Caxias pelo PSB - e deve tê-lo como candidato, caso o PT seja obrigado a aceitar a candidatura do vice-governador Pezão (PMDB), como quer o governador Sérgio Cabral.
Caso os dois partidos tenham candidatos próprios, Campos considera que é possível aproveitar essa situação desconfortável para receber o apoio do grupo do PMDB do Rio. E é aí que entra a proposta de acordo sobre os royalties do petróleo. O problema para Campos é que o senador Aécio Neves tem os mesmos alvos e uma estrutura partidária mais forte. (Amanhã, "Os trunfos do PSDB")
Se não tem dificuldades em criticar o PT, Campos não se sente bem no papel de opositor de Dilma, e muito menos de Lula. Não será fácil, portanto, desenhar uma candidatura que não seja de oposição "a tudo isso que está aíl mas a pontos específicos. O governador de Pernambuco corre o risco de fazer uma campanha como a da ex-senadora Marina Silva em 2010, que em nenhum momento criticou a candidata do PT diretamente, embora tivesse divergências tão graves com ela que acabaram levando-a a deixar o governo.
Marina tinha a vantagem de ter uma bandeira clara, a da defesa do meio ambiente, que bastou para que tivesse cerca de 20% dos votos. Mas faltou-lhe "gosto de sangue na boca" para se opor ao PT Campos tem a vantagem de não ser petista, como Marina sempre foi durante toda a sua vida política. Ao contrário, o neto de Arraes tem consigo lembranças de tentativas de golpe contra seu avô arquitetadas por José Dirceu, que queria tirar o PSB do grupo de Arraes com a ajuda de Garotinho, que chegou a disputar a Presidência da República pelo partido em 2002.
As divergências continuaram até hoje, quando o seu PSB disputou e derrotou candidatos petistas em vários estados, inclusive em Recife, mas eleições municipais. Realista, Eduardo Campos sabe que tem fragilidades partidárias diante dos principais adversários, Dilma e Aécio, e testa as chances de fazer alianças "que não precisem ser explicadas" mas que rendam tempo de TV, essa medida que se tornou fundamental para viabilizar qualquer candidatura. Nesse campo estão o PPS e o PDT Até mesmo uma eventual aliança com o DEM, que estaria se sentindo desprestigiado pelo PSDB, é possível. Além da relação que tem com o PSD de Kassab, que na undécima hora ficou em cima do muro em relação ao governo Dilma, rejeitando uma vaga no Ministério atual. "Mas eu não quero todos os pês, não" diz Campos referindo-se a diversas siglas que estão se oferecendo para apoiá-lo.
Muitas, ele sabe, buscam se valorizar dentro da aliança governista, e por isso a cautela é redobrada nas primeiras aproximações. Não foi por acaso que a presidente Dilma voltou a pensar em dar o Ministério do Trabalho para o PDT de Carlos Lupi, que estava em campo conversando não apenas com Eduardo Campos, mas também com o senador Aécio Neves.
A falta de estrutura de apoio nos principais colégios eleitorais - Rio, São Paulo e Minas -, ele acredita que poderá ser resolvida pelos embates dentro do PSDB e também com a disputa entre PT e PMDB no Rio. Partindo do princípio de que a ala paulista dos tucanos, especialmente a que segue o ex-governador José Serra, jamais se conformará com a escolha de um mineiro como candidato a presidente, Campos acha que, qualquer que seja o resultado dessa disputa, um dos dois estados se abrirá para ele.
Mantido Aécio Neves como candidato, ele acredita que a dissidência tucana pode lhe render bons votos em São Paulo. Caso o senador Aécio Neves tenha que desistir da candidatura por divergências insanáveis, Campos acredita que poderá receber seu apoio em Minas. No Rio de Janeiro, o PSB tem boa relação com o senador Lindbergh Farias - que acompanhou a apuração da eleição municipal na casa de Alexandre Cardoso, eleito prefeito de Caxias pelo PSB - e deve tê-lo como candidato, caso o PT seja obrigado a aceitar a candidatura do vice-governador Pezão (PMDB), como quer o governador Sérgio Cabral.
Caso os dois partidos tenham candidatos próprios, Campos considera que é possível aproveitar essa situação desconfortável para receber o apoio do grupo do PMDB do Rio. E é aí que entra a proposta de acordo sobre os royalties do petróleo. O problema para Campos é que o senador Aécio Neves tem os mesmos alvos e uma estrutura partidária mais forte. (Amanhã, "Os trunfos do PSDB")
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