BRASÍLIA - Houve um tempo em que o PMDB era um partido poderosíssimo. Nos anos 80, tinha um multipresidente. Ulysses Guimarães (1916-1992) chegou a acumular o cargo de presidente da legenda, presidente da Câmara e eventual presidente da República na ausência do então titular, José Sarney.
A partir deste sábado, quando o PMDB faz sua convenção nacional, o partido se prepara para a volta à era do multipresidencialismo. O vice-presidente da República, Michel Temer, deve ser reeleito presidente nacional da sigla. Só que não pretende se licenciar do mandato, como faz agora. Acumulará as funções.
Quando Dilma Rousseff viajar ao exterior, Michel Temer assumirá o Palácio do Planalto também na condição de presidente do PMDB -o estatuto da legenda será alterado para permitir essa nova realidade.
A remodelagem peemedebista emite vários sinais. O primeiro deles é que o sempre comedido Michel Temer está cedendo às pressões internas de sua legenda. Ele foi compelido a aceitar sua nova condição de multipresidente.
Muitos na direção do PMDB querem mais cargos no governo federal. "Nossos cinco ministérios não elegem nem vereador", diz um ministro filiado à legenda. A crença (errada) dos que praticam essa micropolítica peemedebista é que Michel Temer estará empoderado para arrancar cargos na reforma ministerial de março.
Outro sinal sobre essa jogada é o final da relativa paz vivida pela legenda desde quando aderiu "con gusto" ao governo Lula. Deputados e senadores peemedebistas andam falando mal uns dos outros além dos padrões mínimos de civilidade.
Como é o mais pragmático dos partidos, com argúcia incomum na arte da fisiologia, o PMDB ruma para apoiar a reeleição de Dilma Rousseff. Mas a imposição do multipresidente Michel Temer talvez possa mais atrapalhar do que ajudar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário