CORREIO BRAZILIENSE - 13/01
A avaliação dos petistas é a de que está tudo tão antecipado que se joga agora não só os personagens de 2014, como também as perspectivas para 2018 e é preciso administrar as ambições, pelo menos para a próxima eleição. E a forma de tratar desses projetos, o PT encontrou ao avaliar em conjunto a última pesquisa de intenção de voto de 2012, aquela em que Dilma e Lula apareceram como os dois primeiros colocados na espontânea - o tipo de consulta em que eleitor menciona sua preferência sem qualquer uma lista prévia de candidatos. O cenário foi tão confortável, que o partido decidiu que não é hora de excluir desde já um ou outro. Daí, a retomada das caravanas de Lula e as poucas viagens internacionais agendadas pelo ex-presidente. Assim, ele pode dividir com Dilma os holofotes rumo ao próximo ano.
Dentro do PT, entretanto, está claro que a atual presidente é a primeira da fila e deve disputar mais um mandato. Mas, o cenário ideal para os petistas, citado inclusive nas reuniões mais reservadas do partido, é manter Dilma e Lula nessa condição de primeiro e segundo colocados em pesquisas espontâneas até às vésperas das convenções partidárias em junho do ano que vem. E para que isso ocorra, Lula ora dirá que a candidata é Dilma, ora lembrará que ainda pode concorrer novamente.
Com essa dúvida no ar os petistas apostam que podem reduzir a margem de manobra e de crescimento de candidaturas alternativas dentro da base do governo. Leia-se, Eduardo Campos, do PSB, que inclusive já pediu o tempo de tevê dos diretórios estaduais do PSB para se apresentar. O PT está convencido de que Campos não teria nada a perder concorrendo a um mandato presidencial já em 2014, nem que seja como ponta de lança para 2018. Portanto, o partido trabalhará para estreitar os caminhos que o PSB possa seguir. A presença de Lula no cenário é vista como mais uma forma de ajudar nessa tarefa.
Enquanto isso, na Fazenda…
A avaliação dos ministros e assessores palacianos é a de que a oposição está decidida a colocar Lula na berlinda sob o ponto de vista ético e centrar fogo contra a imagem de gestora. E, para evitar que essa estratégia pegue no eleitorado, Lula fará as caravanas e ajudará na política enquanto Dilma cuidará da economia. O problema é que a vida dela não está fácil. Na Fazenda, é cada vez mais forte o zum-zum-zum de sérias divergências entre o vice-ministro Nelson Barbosa e o titular, Guido Mantega, que saiu de férias e deixou os pepinos das contas maquiadas e da inflação fora do centro da meta para serem descascados por Barbosa. Mantega volta ao trabalho em 21 de janeiro.
E na oposição…
Se o problema de Dilma é a economia, o dos tucanos continua sendo a divisão interna. Na última semana ficou claro, pelas declarações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que ele não fechou o apoio ao senador Aécio Neves, pré-candidato a presidente da República. A defesa de prévias para escolha do candidato tucano no mínimo mantém a tensão entre paulistas e mineiros dentro do PSDB. A primeira tarefa de Aécio quando voltar das férias será cuidar de acertar os ponteiros com Alckmin e a bancada de São Paulo. Afinal, se o PSDB deseja tirar Dilma ou Lula da confortável posição que se encontram nas pesquisas, é preciso afinar os instrumentos de São Paulo com os de Minas Gerais. Mas essa é outra história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário