A presidente Dilma Rousseff tem cobrado de seus ministros a definição de metas e ações capazes de produzir resultados até o final de seu governo. A cobrança é dirigida especialmente aos filiados ao PT - e que, por razões óbvias, são os que mais teriam a perder na hipótese de Dilma não ser reeleita em 2014.
Aparentemente, nada mais correto. Na prática, porém, o pedido revela certa falta de coordenação política daquele que, ao ser eleito em 2010, foi saudado como um dos mais sólidos governos no Brasil democrático.
Em primeiro lugar, as metas que Dilma solicita deveriam ter sido estabelecidas dois anos atrás e os resultados já deveriam estar sendo notados hoje. Deixar passar dois anos para fazer esse pedido revela, na melhor das hipóteses, uma falta de coordenação preocupante num organismo que deveria primar pela coesão.
E, pior do que isso, dá a impressão de que a primeira metade do governo foi um tremendo desperdício de tempo.
Além disso, ao dirigir o pedido única e exclusivamente aos ministros filiados à sua legenda, Dilma permite que se conclua que o resultado das outras pastas não são importantes para seu governo ou, então, que ela prefere que os aliados não tenham um sucesso que lhes permita aumentar o capital político.
O receio, talvez, seja o de que o sucesso dos partidos que lhe dão apoio em troca de posições no ministério depois se volte contra o próprio PT.
O modelo político brasileiro é defeituoso e permite que os ministros de hoje passem amanhã a liderar a oposição ao governo que lhes deu abrigo. Disso, todo mundo sabe. A cena política brasileira está repleta de pessoas e partidos que se aproximam do governo para obter vantagens, mas que não se comprometem com os resultados da administração que dizem apoiar.
A lista de gente que jurava amor a Fernando Henrique Cardoso e que depois, quando o vento eleitoral passou a soprar para o lado do PT, pôs a estrelinha no peito e virou lulista desde criancinha é extensa.
O problema é que Dilma, mesmo sabendo dessa trajetória e conhecendo os riscos dessa estratégia, preferiu manter o mesmo roteiro do toma lá dá cá traçado no governo Lula em lugar de se aproximar dos grupos que poderiam apoiá-la em nome de metas e interesses mais legítimos.
O governo tem pecado pela falta de articulação com a sociedade. Os empresários são cobrados por mais investimentos sem receber de Brasília a devida contrapartida na forma de políticas que satisfaçam a seus interesses, sobretudo no campo fiscal.
A relação do governo com a sociedade tem sido marcada por uma carga desnecessária de tensão, e o resultado que isso produz é uma espécie de hibernação das iniciativas que poderiam resultar, sem dúvida, no crescimento que Dilma tem cobrado de seus ministros. Ainda há tempo de mudar, para o bem da sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário