O segundo governo Barack Obama não será mais do mesmo. Haverá mudanças em postos estratégicos das políticas externa e econômica. O ambiente no qual o governo começa é diferente. Há sempre a esperança de que um governante no segundo mandato tenha aprendido com os erros do primeiro. Mas, até em programa de computador, às vezes, a segunda versão dá bug.
O presidente do Banco Central, Ben Bernanke, termina o mandato no fim de 2013 e tudo indica que será trocado. Bernanke ficou marcado pelo expansionismo monetário com o qual evitou o pior da recessão, mas que terá efeitos colaterais a serem corrigidos mais adiante.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, tinha falado em não permanecer no posto qualquer que fosse o resultado da eleição. Quando disse, ela estava colhendo vitórias diplomáticas, mas, em seguida, houve o atentado em Benghazi, na Líbia, em que morreu o embaixador americano. Há especulações de que ela preferia sair num momento mais favorável. Mas já começam a circular nomes para o posto. Um deles, da embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice. Outro, o do senador John Kerry.
Há algum tempo fala-se da saída do secretário do Tesouro, Timothy Geithner. Ele foi importante, com sua experiência anterior no Fed de Nova York, para quando a crise era financeira. Agora, o problema é fiscal e o perfil requerido é outro. Por isso se pensa em Jack Lew, que hoje é o chefe de gabinete ( chief of staff ) e foi duas vezes diretor do Escritório de Administração e Orçamento. Outro nome falado é Erskines Bowles, que foi vice-presidente da Comissão de Responsabilidade Fiscal.
O secretário da Defesa, Leon Panetta, vai se aposentar, e o mais cotado é o ex-secretário de Estado Colin Powell, da gestão republicana de George Bush e obamista de primeira hora. Restrições políticas ou de idade - tem 75 anos - podem fazer com que seja preterido. Há uma longa lista de candidatos.
Se Jack Lew sair da chefia de gabinete para o Tesouro, o cargo deve ser ocupado por Valerie Jarrett, assessora sênior do presidente e amiga dos Obamas desde a época em que Michelle e Barack namoravam. Jarrett nasceu no Irã.
Reestruturação de gabinete é normal em qualquer segundo mandato, mas o que vai definir o Obama 2.0 será a capacidade de derrotar de vez a crise econômica que ainda é presente e a de avançar em áreas importantes da modernização do país.
Ao assumir em 2008, Obama enfrentou o risco do colapso da economia americana. Diante disso, o abismo fiscal - fiscal cliff - de agora parece pequeno. Não é trivial a negociação com o Congresso, mas ela não se compara ao clima de fim de mundo no qual ele assumiu o poder. Se o bloqueio decisório do Congresso não for superado nas próximas semanas, a economia americana certamente voltará à recessão com a retirada abrupta de US$ 600 bilhões da economia. Obama convidou os líderes dos dois partidos para uma reunião na semana que vem na Casa Branca. O risco é tanto que o cenário mais provável é um acordo. Mas será trabalhoso.
Entre os desafios que enfrentará está a questão da imigração. Os novos americanos votaram em peso em Obama. O tema permanece parado no ar, sem a nova lei que ele prometeu na primeira campanha. Terá que fazer mais do que fez em mudança climática. A seca e o Sandy mostraram que os EUA são vulneráveis. A educação é prioridade no mundo inteiro. Tudo isso se o sempre tumultuado front externo deixar. Ele tem quatro anos para deixar um legado. Sairá do poder com apenas 55 anos.
Entro de férias na segunda-feira, e a coluna será escrita por Alvaro Gribel e Valéria Maniero.
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