Desempenho no exame tem relevância, mas exige cautela
NAERCIO MENEZES FILHO
FOLHA DE SP - 12/09/11
A herança mais importante que podemos deixar para nossos filhos é uma educação de qualidade que lhes permitirá ter sucesso na profissão escolhida e, com uma pitada de sorte, serem felizes.
A boa formação tem início nos primeiros anos de vida, com muita conversa, leitura e palavras de estímulo. As boas escolas complementam essa formação inicial, adicionando conhecimentos e colocando desafios para seus alunos, permitindo que eles desenvolvam seu potencial ao máximo. Mas como encontrar a escola ideal?
O Enem pode ajudar os pais, se utilizado com cautela. Ele mede a capacidade do aluno de resolver problemas, com graus variáveis de dificuldade, durante um longo período de tempo. Assim, mede inteligência, conhecimento e perseverança. A escola com a maior nota é a que concentra maior proporção de alunos com esses atributos.
Mas ela não é necessariamente a melhor para todas as crianças, pois reflete a formação média dos que já estão nela. Algumas são altamente competitivas, exigindo muito das crianças desde cedo, o que pode desestimulá-las.
Além disso, a nota do Enem reflete apenas o desempenho médio da parcela dos alunos que fez a prova. Em muitos casos essa parcela é reduzida, dependendo da importância que o Enem tem para ingresso nas faculdades locais. Nesses casos, a família tem que usar a informação com mais cuidado ainda.
Mas, como os recursos familiares são escassos e a decisão sobre a escola é importante, a informação transmitida pelo Enem é relevante.
Quando escolas cobram mensalidades parecidas, têm a mesma proporção de alunos fazendo a prova e apresentam resultados díspares, vale a pena saber o que está acontecendo e, se for o caso, mudar a criança de escola.
NAERCIO MENEZES FILHO é doutor em economia pela Universidade de Londres, professor titular do Insper e professor associado da FEA-USP.
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