Edir Macedo teria recebido verba de roubo
Sérgio Roxo
O GLOBO - 12/09/11
SÃO PAULO. Uma das testemunhas da investigação do Ministério Público Federal (MPF), que resultou na denúncia à Justiça contra Edir Macedo e outros três integrantes da direção da Igreja Universal do Reino de Deus por lavagem de dinheiro, acusa a cúpula da instituição de receber doação de um ladrão de banco com conhecimento de que o dinheiro era fruto de um crime. Ao MPF o lavador de carros Edilson Cesário Vieira reforçou o que havia denunciado ao Ministério Públicoestadual. Ele relatou que em uma noite de segunda- feira de dezembro de 2006 presenciou um homem, que se apresentava como Alexandre, entregar R$ 200 mil a Edir Macedo, líder da Universal, e a Romualdo Panceiro, apontado como número dois da instituição.
O encontro teria sido no 4o andar do templo da Av. João Dias, em São Paulo. No dia 11 de maio de 2010 em depoimento aos promotores Everton Luiz Zanella e José Mario Buck Marzagão Barbuto, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP Estadual, Edilson disse que a quantia doada, em 2006, pelo homem que se apresentava como Alexandre para a Universal é “proveniente de um crime de roubo ao Banco do Brasil, mas não sei agência ou endereço”. No dia 26 de agosto, Edilson prestou novo depoimento, para o procurador Sílvio Oliveira, do MPF, e declarou que o homem que havia sido mostrado na televisão ao ser preso no dia 24 era a pessoa que havia doado o dinheiro, em 2006.
A quantia teria sido entregue ainda com lacre do banco. A Secretaria de Segurança havia divulgado que o preso, Antônio Reginaldo de Araújo, participara do assalto ao Banco Central de Fortaleza em 2005, mas a informação foi negada pela Justiça Federal do Ceará. O advogado da Universal, Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, disse ontem que a igreja só vai se manifestar depois que souber o teor da denúncia do Ministério Público Federal. Em denúncia apresentada no último dia 1o pelo procurador Sílvio Luís Martins de Oliveira, o MPF diz que Edir Macedo e três dirigentes da Universal usaram uma casa de câmbio de São Paulo para enviar recursos recebidos como dízimos de fiéis de forma ilegal para os Estados Unidos.
O quarteto é acusado de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e evasão de divisas. No documento do MPF, Edilson é citado como uma das vítimas das “práticas ardilosas” da igreja para iludir fiéis. Edilson frequentou a igreja entre 1997 e 2008: — Fui enganado. Percebi que estava todo endividado.
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