O petróleo dominou parte da imaginação nacional. Prefeitos do interior, comunidades indígenas, todos querem saber o quanto vão levar das fabulosas riquezas do pré-sal. O meio ambiente ganhou 3% dos royalties. É pouco. Queria também 3% de atenção para o oceano. Sua decadência é inequívoca. Amigos que trabalham com tartarugas constatam, nas autópsias, que o estômago delas está cheio de plástico. Sem mencionar os litorais, de onde se tira de tudo do fundo do mar: geladeiras, fogões e aparelhos de TV. Domingo visitei o museu e o Instituto de Altos Estudos do Mar. Fica em Arraial do Cabo. É impressionante como as crianças reagem fascinadas diante dos métodos computadorizados de ensinar os fenômenos e a vida no oceano. Para um país que pretende arrancar riqueza do mar, tanto o museu como o instituto ainda são modestos. Quem associou o azul do mar ao futuro foi, principalmente, o almirante Paulo Moreira. Ainda não temos nem uma biografia dele. Sua história, no entanto, enfatiza as riquezas do mar e o caminho para alcançá-las: o conhecimento. Agora que superamos a etapa de dividir o dinheiro do pré-sal, para quase todos o trabalho acabou. Começa para alguns de nós uma nova e importante tarefa. Convencer um país que retira suas riquezas do fundo mar a passar a gostar dele. Quando nos acusam de destruir a floresta, alguns dizem: a Amazônia é nossa. No oceano, o problema é mais embaixo. Estamos tentando, como fez a Noruega, ampliar nossa plataforma continental junto a ONU. O oceano não é nosso. Ampliar o domínio implica em responsabilidade. Em Minas Gerais, surgiu um cartaz dizendo: olhem bem as montanhas. Algumas desapareceram. No momento de euforia petroleira, olhem bem o oceano, antes de ser transfigurado. |
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