Brasil deve produzir substância radioativa com Peru e Argentina
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/11/09
Produto usado em diagnóstico de câncer está em falta no mercado desde maio
Brasil, Argentina e Peru vão fechar um acordo tripartite para produzir molibdênio, uma substância radioativa importante para diagnóstico de câncer e de problemas cardíacos e que está em falta no mercado desde o fechamento de uma fábrica no Canadá, em maio. O Brasil foi particularmente afetado, com corte estimado em até 60% nos exames.
O molibdênio é usado em 80% da medicina nuclear, principalmente na cintilografia, que detecta obstrução de artérias e a existência de tumores em tecidos e órgãos com antecedência maior do que outros tipos de exames. É útil também para detectar disfunções pulmonares e hepáticas. O acordo tripartite será discutido hoje pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner (Argentina), durante encontro em Brasília. Desde que o Canadá fechou sua fábrica, a MDS Nordion, a Argentina e a Bélgica têm suprido parte da demanda brasileira por molibdênio, mas de forma emergencial. Com o novo acordo, o fornecimento argentino e peruano passará a ser em bases regulares.
Faz parte do acordo o uso de um reator produzido pela Argentina, que foi comprado pelo Peru e está desativado. A operação conjunta deverá atender às demandas internas do Peru e da Argentina e um terço das necessidades brasileiras.
Quem assinará o acordo pelo Brasil será a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, com suas correspondentes da Argentina e do Peru, depois da decisão política ser discutida e acertada entre os três presidentes.
Desde 2007, a dependência de apenas um fornecedor (o Canadá) já vinha acendendo a luz vermelha em alguns setores médicos brasileiros. Agora, a crise de falta de molibdênio atingiu tanto os hospitais públicos quanto privados, e o governo tentou monitorar um percentual comum de corte para os dois sistemas, o que vem atrasando o atendimento.
Estima-se serem necessárias cerca de 8.000 cintilografias por dia nos 400 serviços de medicina nuclear brasileiros. Em 2008, o Brasil importou US$ 319 milhões do produto. De janeiro e outubro de 2009, foram US$ 43 milhões.
Colaborou EDUARDO RODRIGUES, da Sucursal de Brasília
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