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A visita do crápula iraniano é um insulto ao Brasil que presta
não têm amigos, têm interesses, ensina o verbete do manual do cinismo que justifica a existência de relações diplomáticas e comerciais entre países democráticos e paragens comandadas por liberticidas de nascença, assassinos patológicos e outras aberrações da espécie. Não é uma norma edificante. Pois a inversão dos predicados pode tornar as coisas ainda mais abjetas, ensina a política externa da Era Lula. Desde 2003, O Brasil têm amigos, escolhidos por um presidente cujos interesses não têm parentesco com o que interessa à nação.
Com a desenvoltura arrogante que só a certeza da impunidade dá, Evo Morales expropriou bens da Petrobras na Bolívia, Rafael Correa prendeu engenheiros da Odebrecht no Equador, Hugo Chávez tranformou em estalagem o prédio da embaixada em Honduras, Fernando Lugo exige a remoção dos alicerces do Tratado de Itaipu. Lula reagiu a tais agressões à soberania que jurou defender com tapinhas nas costas e falatórios de comparsa. Amigos merecem cuidados especiais e muito carinho.
Pelos padrões civilizados, o iraniano Mammoud Ahmadinejad é um fanático perigoso, acampado na chefia de um regime primitivo, que reprime opositores com ferocidade, frauda eleições, condena homossexuais à morte, nega às mulheres direitos elementares, sonha com o regresso às cavernas. Para Lula, é um amigo ─ dele e, por consequência, do Brasil. E assim será recebido nesta segunda-feira, em Brasília, pelo anfitrião que, dramaticamente ignorante em geopolítica, de novo escolheu o lado errado.
“Eu disse ao Obama, ao Sarkozy e à Angela Merkel que a gente não vai trazer o Irã para boas causas se a gente ficar encurralando ele na parede”, gabou-se Lula nesta semana. “É preciso criar espaços para conversar”. O monoglota que precisa de um tradutor até para conversas em português acha que lhe bastam 15 minutos para que Ahmadinejad cancele o programa nuclear, apaixone-se por Israel, debulhe-se em lágrimas pelos 6 milhões de judeus assassinados pelo Holocausto que até agora nega ter existido e vire torcedor do Corinthians.
Chegou a hora de retribuir às muitas gentilezas que lhe fez, imagina o amigo brasileiro. Multidões de manifestantes protestavam no Irá contra as evidências de fraude eleitoral, a contagem dos votos não terminara e a dos mortos mal começara quando Lula resolveu intrometer-se na crise do outro lado do mundo. ”Eu não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã”, pontificou o cara. ”Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”.
Ao reducionismo de jardim da infância, adicionou o raciocínio de colegial repetente: ”O presidente Ahmadinejad teve uma votação de 62,7%. É um número muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude”. No Brasil, comparou, suspeitas de fraude geralmente ocorrem quando a diferença de votos entre os candidatos é de 1% ou 2%. Ele certamente ignora que Saddam Hussein não admitia ser reconduzido à presidência do Iraque com menos de 100% do eleitorado.
A notícia de que a repressão policial já causara 69 mortes não inibiu o improvisador incontrolável. ”Há uma oposição que não se conforma”, explicou. ”O resultado desse conflito são inocentes morrendo, o que é lamentável e inaceitável por parte de qualquer democrata do mundo”. Estaria Lula incluindo o Irã no universo das democracias? “Cada país estabelece o regime democrático que convém ao seu povo”, desconversou. ”É uma decisão soberana de cada nação”. Só não vale para Honduras.
A visita de Ahmadinejad é um insulto ao Brasil que presta e, sobretudo, uma afronta aos incontáveis judeus que escaparam do horror e julgaram encontrar aqui o abrigo seguro. “Não estou preocupado com judeus e árabes”, desdenha Lula. ”Estou preocupado com a relação do Estado brasileiro com o Estado iraniano”. O presidente acha que está recebendo um amigo árabe. Não sabe sequer que os nativos do Irã são persas.
Persa ou árabe, o visitante jamais seria bem-vindo. Porque Mammoud Ahmadinejad é, antes de mais nada, um crápula.
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