O GLOBO - 04/08
O que tem a ver o caso da analista do banco Santander demitida na semana passada por exercer direito o seu ofício com o caso do correspondente do "The New York Times" ameaçado de expulsão do Brasil em maio de 2004? Os dois aconteceram no começo e no que poderá ser o fim do período de 12 anos de governos do PT. Foram protagonizados por Lula. E são casos exemplares da prepotência dele e de sua turma.
DE VOLTA AO FUTURO... Na época, pensei: o cara pirou. Só pode ser. Ou está de porre. Compreensível que tenha se sentido ofendido pela reportagem do "The New York Times" sobre seu gosto por bebidas alcoólicas. Mas daí a determinar a expulsão do país de Larry Rother, correspondente do jornal mais importante do mundo? Sinto muito, era um flagrante exagero. Uma escandalosa arbitrariedade.
FOI ISSO O que Lula ouviu dos poucos assessores com coragem para confrontá-lo. Um deles, durante reunião no Palácio do Planalto, sacara de um exemplar da Constituição e apontara o artigo que garantia ao jornalista o direito de permanecer no Brasil. Então Lula cometeu a frase que postei em meu blog às 15h16m do dia 12 de maio de 2004, poucas horas depois de ela ter sido pronunciada.
ELE DISSE: "Fod.... a Constituição". Foi mais ou menos isso que você leu. Um ministro que ouvira a frase reproduziu- a para um assessor. E o assessor, que trabalhara comigo durante vários anos, me telefonou contando. Esperei durante o resto do dia o desmentido que não veio. Ainda espero. Prevaleceu a opinião sensata de Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, que desaconselhou a expulsão por ser ilegal.
IMPEDIDO DE consumar sua vontade, Lula tentou tirar proveito político do episódio se comportando como vítima. A Presidência da República fora atacada por um irresponsável jornalista estrangeiro. Mas, generoso e obediente à lei, o presidente desculpara o malfeitor, depois que ele divulgou uma nota dizendo que não tivera a intenção de ofendê-lo. Quanto ao jornal... Recusou-se a desmentir o que publicara.
A CORAGEM QUE sobrou à direção do jornal faltou à direção do Santander. Em discurso para sindicalistas em São Paulo, Lula cobrou do banco a demissão imediata da analista, autora do boletim enviado para clientes de alta renda relacionando a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto com a eventual melhoria do câmbio e valorização de ações de grandes companhias. E a cabeça da analista foi oferecida a Lula.
UM ATO DE subserviência. Que nem de longe parece ter envergonhado Emílio Botín, presidente mundial do Santander, amigo de Lula e admirador declarado de Dilma. "O que aconteceu é proibido, pois não se pode fazer manifestações que interfiram na decisão de voto", cobrou Rui Falcão, presidente do PT. Botín aquiesceu: "O boletim não representa a posição do banco". E se o boletim tivesse afirmado o contrário?
SE TIVESSE dito que a Bolsa de Valores subiria com o crescimento de Dilma nas pesquisas? Lula pediria a demissão do seu autor? Falcão recriminaria o banco por favorecer o voto em Dilma? Lula e o PT aproveitaram a ocasião para fazer Dilma de coitadinha! De maltratada pelos poderosos. Perseguida como o fora durante a Copa do Mundo por uma elite preconceituosa que não respeita nem mesmo uma mulher.
ESSE TIPO DE jogada falsamente esperta, que aposta na ignorância coletiva, se repetirá à exaustão até que o país conheça em outubro seu futuro presidente. Fiquem atentos para desmoralizá-la de saída.
DE VOLTA AO FUTURO... Na época, pensei: o cara pirou. Só pode ser. Ou está de porre. Compreensível que tenha se sentido ofendido pela reportagem do "The New York Times" sobre seu gosto por bebidas alcoólicas. Mas daí a determinar a expulsão do país de Larry Rother, correspondente do jornal mais importante do mundo? Sinto muito, era um flagrante exagero. Uma escandalosa arbitrariedade.
FOI ISSO O que Lula ouviu dos poucos assessores com coragem para confrontá-lo. Um deles, durante reunião no Palácio do Planalto, sacara de um exemplar da Constituição e apontara o artigo que garantia ao jornalista o direito de permanecer no Brasil. Então Lula cometeu a frase que postei em meu blog às 15h16m do dia 12 de maio de 2004, poucas horas depois de ela ter sido pronunciada.
ELE DISSE: "Fod.... a Constituição". Foi mais ou menos isso que você leu. Um ministro que ouvira a frase reproduziu- a para um assessor. E o assessor, que trabalhara comigo durante vários anos, me telefonou contando. Esperei durante o resto do dia o desmentido que não veio. Ainda espero. Prevaleceu a opinião sensata de Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, que desaconselhou a expulsão por ser ilegal.
IMPEDIDO DE consumar sua vontade, Lula tentou tirar proveito político do episódio se comportando como vítima. A Presidência da República fora atacada por um irresponsável jornalista estrangeiro. Mas, generoso e obediente à lei, o presidente desculpara o malfeitor, depois que ele divulgou uma nota dizendo que não tivera a intenção de ofendê-lo. Quanto ao jornal... Recusou-se a desmentir o que publicara.
A CORAGEM QUE sobrou à direção do jornal faltou à direção do Santander. Em discurso para sindicalistas em São Paulo, Lula cobrou do banco a demissão imediata da analista, autora do boletim enviado para clientes de alta renda relacionando a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto com a eventual melhoria do câmbio e valorização de ações de grandes companhias. E a cabeça da analista foi oferecida a Lula.
UM ATO DE subserviência. Que nem de longe parece ter envergonhado Emílio Botín, presidente mundial do Santander, amigo de Lula e admirador declarado de Dilma. "O que aconteceu é proibido, pois não se pode fazer manifestações que interfiram na decisão de voto", cobrou Rui Falcão, presidente do PT. Botín aquiesceu: "O boletim não representa a posição do banco". E se o boletim tivesse afirmado o contrário?
SE TIVESSE dito que a Bolsa de Valores subiria com o crescimento de Dilma nas pesquisas? Lula pediria a demissão do seu autor? Falcão recriminaria o banco por favorecer o voto em Dilma? Lula e o PT aproveitaram a ocasião para fazer Dilma de coitadinha! De maltratada pelos poderosos. Perseguida como o fora durante a Copa do Mundo por uma elite preconceituosa que não respeita nem mesmo uma mulher.
ESSE TIPO DE jogada falsamente esperta, que aposta na ignorância coletiva, se repetirá à exaustão até que o país conheça em outubro seu futuro presidente. Fiquem atentos para desmoralizá-la de saída.
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