CORREIO BRAZILIENSE - 03/08
É fácil atribuir má vontade aos empresários e investidores, que já não escondem a indisposição ao risco de ampliar seus negócios. Mesmo os consumidores, até há pouco deslumbrados com as enormes tevês digitais compradas no crediário e com a facilidade com que puseram um carro na garagem, andam mais cautelosos.
O pessimismo vem se enredando há meses no país. Por mais que o marketing político tente montar um discurso para convencer as pessoas de que tudo não passa de armação oposicionista com fins eleitorais, os dados oficiais não param de alimentar a desconfiança na condução da economia.
Enquanto a produção da indústria em geral perde força e as montadoras de automóveis, que estão com os pátios cheios, dão férias coletivas para evitar demissões, o mercado financeiro se retrai, torna o crédito mais seletivo e aconselha seus clientes a esperar pela continuidade da inflação e dos juros altos.
Teriam todos os agentes econômicos ficado menos inteligentes? Ou mudaram radicalmente seus propósitos e não querem mais ganhar dinheiro, apenas para irritar os governantes às vésperas das eleições? É ingênuo e soa irresponsável esse discurso, ante a realidade dos fatos.
Um deles: o governo jura que tem compromisso com o combate à inflação. Seria bom se assim fosse, pois é esse fenômeno que diminui o poder de compra dos salários e mina o otimismo do consumidor. Mas não é essa a realidade, como demonstra a má administração das contas públicas.
Na semana passada, o Banco Central informou que o setor público, principalmente o governo federal, vem gastando mais do que arrecada. Em junho, em vez de superavit primário (economia feita para pagar juros e evitar o aumento da dívida pública), o que houve foi um deficit de R$ 2,1 bilhões. E não foi o único. Em maio, o resultado tinha sido ainda pior: as despesas superaram as receitas em R$ 11 bilhões.
Com isso, o primeiro semestre teve o pior desempenho das contas públicas em 12 anos, registrando queda de 44% em relação a janeiro/junho do ano passado, com magro superavit de R$ 29,4 bilhões, muito menos da metade da meta fixada para o ano, que é de R$ 99 bilhões. E pensar que essa meta equivale a apenas 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), depois que o governo desistiu da projeção inicial de 2,5%.
Para se ter ideia do tamanho do problema, os gastos do governo com os encargos da dívida somaram R$ 120,3 bilhões no semestre. Como só foram abatidos os R$ 29,4 bilhões economizados, sobrou um deficit nominal de R$ 90,9 bilhões, cobertos pela aumento da dívida pública.
A menos que ocorra uma receita fora de padrão nos próximos meses, ficou mais distante o alcance da meta reduzida de superavit primário. E mesmo que isso ocorra, essa precariedade da política fiscal não permite certeza quanto ao esforço do governo para conter a inflação, de modo a evitar o aumento dos juros, remédio amargo, que inibe os investimentos e o consumo. Por enquanto, pedir otimismo a quem corre o risco dos negócios é pedir muito.
O pessimismo vem se enredando há meses no país. Por mais que o marketing político tente montar um discurso para convencer as pessoas de que tudo não passa de armação oposicionista com fins eleitorais, os dados oficiais não param de alimentar a desconfiança na condução da economia.
Enquanto a produção da indústria em geral perde força e as montadoras de automóveis, que estão com os pátios cheios, dão férias coletivas para evitar demissões, o mercado financeiro se retrai, torna o crédito mais seletivo e aconselha seus clientes a esperar pela continuidade da inflação e dos juros altos.
Teriam todos os agentes econômicos ficado menos inteligentes? Ou mudaram radicalmente seus propósitos e não querem mais ganhar dinheiro, apenas para irritar os governantes às vésperas das eleições? É ingênuo e soa irresponsável esse discurso, ante a realidade dos fatos.
Um deles: o governo jura que tem compromisso com o combate à inflação. Seria bom se assim fosse, pois é esse fenômeno que diminui o poder de compra dos salários e mina o otimismo do consumidor. Mas não é essa a realidade, como demonstra a má administração das contas públicas.
Na semana passada, o Banco Central informou que o setor público, principalmente o governo federal, vem gastando mais do que arrecada. Em junho, em vez de superavit primário (economia feita para pagar juros e evitar o aumento da dívida pública), o que houve foi um deficit de R$ 2,1 bilhões. E não foi o único. Em maio, o resultado tinha sido ainda pior: as despesas superaram as receitas em R$ 11 bilhões.
Com isso, o primeiro semestre teve o pior desempenho das contas públicas em 12 anos, registrando queda de 44% em relação a janeiro/junho do ano passado, com magro superavit de R$ 29,4 bilhões, muito menos da metade da meta fixada para o ano, que é de R$ 99 bilhões. E pensar que essa meta equivale a apenas 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), depois que o governo desistiu da projeção inicial de 2,5%.
Para se ter ideia do tamanho do problema, os gastos do governo com os encargos da dívida somaram R$ 120,3 bilhões no semestre. Como só foram abatidos os R$ 29,4 bilhões economizados, sobrou um deficit nominal de R$ 90,9 bilhões, cobertos pela aumento da dívida pública.
A menos que ocorra uma receita fora de padrão nos próximos meses, ficou mais distante o alcance da meta reduzida de superavit primário. E mesmo que isso ocorra, essa precariedade da política fiscal não permite certeza quanto ao esforço do governo para conter a inflação, de modo a evitar o aumento dos juros, remédio amargo, que inibe os investimentos e o consumo. Por enquanto, pedir otimismo a quem corre o risco dos negócios é pedir muito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário