FOLHA DE SP - 08/04
De olho nas eleições, governo adia adoção de medidas impopulares, mas necessárias, e problemas se acumulam para 2015
A prática é corriqueira, embora contrária aos interesses públicos de médio e longo prazo. Governantes aptos a disputar a reeleição, assim que divisam a campanha no horizonte, começam a deixar para depois ajustes impopulares, mesmo que necessários.
A presidente Dilma Rousseff antecipou tal rotina. Pesquisas de intenção de voto só agora indicam um cenário conturbado para a petista, mas faz tempo que seu governo adota medidas populistas no comando da economia.
O resultado será visto no tamanho das ações corretivas a serem tomadas a partir de 2015. Os problemas que se acumulam vão da contenção artificial das tarifas de combustíveis e eletricidade à inflação em alta, passando pela expansão de subsídios e garantias pouco transparentes no Orçamento.
As dificuldades do setor elétrico são a consequência mais evidente desse esforço pela preservação do eleitor. O represamento de preços tem causado às distribuidoras de energia prejuízos que podem superar R$ 20 bilhões neste ano.
O caminho mais responsável seria autorizar alta moderada na conta de luz e iniciar medidas de economia, a fim de evitar riscos excessivos. Mas a opção foi jogar o problema para a frente. Estima-se que as tarifas tenham de subir de 15% a 20% nos próximos dois anos.
O mesmo se dá com os preços dos combustíveis, ainda abaixo dos praticados no mercado internacional. A situação deficitária compromete a Petrobras, que amarga forte erosão de sua capacidade de geração de caixa e vê sua dívida crescer de forma temerária.
Quanto à inflação, nem o congelamento das tarifas tem evitado alta desconfortável. Aos preços dos serviços, que continuam subindo no ritmo anual de 8%, soma-se novo choque de alimentos. No conjunto, o índice deve uma vez mais superar 6% neste ano.
A alta da taxa de juros desde abril passado, de 3,75 pontos percentuais até aqui, não conseguiu consolidar na sociedade a expectativa de que a inflação cairá. Apesar de o Banco Central dar sinais de que encerrará em breve os aumentos, permanece o risco de que o controle dos preços exija ainda mais arrocho em 2015.
Há, por fim, a deterioração das contas públicas. O acúmulo de medidas equivocadas minou as condições para o governo manter a dívida estável. Evitar um cenário de desequilíbrio demandará aperto orçamentário no próximo ano. A carga tributária, com isso, deve continuar a crescer.
O adiamento de remédios amargos deixa como legado um cenário ainda mais difícil para 2015: arrocho tarifário, mais impostos e, possivelmente, juros mais elevados.
A presidente Dilma Rousseff antecipou tal rotina. Pesquisas de intenção de voto só agora indicam um cenário conturbado para a petista, mas faz tempo que seu governo adota medidas populistas no comando da economia.
O resultado será visto no tamanho das ações corretivas a serem tomadas a partir de 2015. Os problemas que se acumulam vão da contenção artificial das tarifas de combustíveis e eletricidade à inflação em alta, passando pela expansão de subsídios e garantias pouco transparentes no Orçamento.
As dificuldades do setor elétrico são a consequência mais evidente desse esforço pela preservação do eleitor. O represamento de preços tem causado às distribuidoras de energia prejuízos que podem superar R$ 20 bilhões neste ano.
O caminho mais responsável seria autorizar alta moderada na conta de luz e iniciar medidas de economia, a fim de evitar riscos excessivos. Mas a opção foi jogar o problema para a frente. Estima-se que as tarifas tenham de subir de 15% a 20% nos próximos dois anos.
O mesmo se dá com os preços dos combustíveis, ainda abaixo dos praticados no mercado internacional. A situação deficitária compromete a Petrobras, que amarga forte erosão de sua capacidade de geração de caixa e vê sua dívida crescer de forma temerária.
Quanto à inflação, nem o congelamento das tarifas tem evitado alta desconfortável. Aos preços dos serviços, que continuam subindo no ritmo anual de 8%, soma-se novo choque de alimentos. No conjunto, o índice deve uma vez mais superar 6% neste ano.
A alta da taxa de juros desde abril passado, de 3,75 pontos percentuais até aqui, não conseguiu consolidar na sociedade a expectativa de que a inflação cairá. Apesar de o Banco Central dar sinais de que encerrará em breve os aumentos, permanece o risco de que o controle dos preços exija ainda mais arrocho em 2015.
Há, por fim, a deterioração das contas públicas. O acúmulo de medidas equivocadas minou as condições para o governo manter a dívida estável. Evitar um cenário de desequilíbrio demandará aperto orçamentário no próximo ano. A carga tributária, com isso, deve continuar a crescer.
O adiamento de remédios amargos deixa como legado um cenário ainda mais difícil para 2015: arrocho tarifário, mais impostos e, possivelmente, juros mais elevados.
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