terça-feira, abril 08, 2014

Bicheiros, doleiros e amigões - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 08/04

BRASÍLIA - O que André Vargas e Demóstenes Torres têm em comum?

Demóstenes, procurador que virou senador do DEM e arauto da moralidade no Congresso, era amigão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo da Polícia Federal. André Vargas, vice-presidente da Câmara que foi secretário de Comunicação do PT, é amigão do doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato da mesma PF.

Demóstenes começou a cair por causa de um fogão e uma geladeira que ganhara de presente de casamento do amigão bicheiro. André Vargas, famoso depois de levantar o punho em desacato ao presidente do Supremo numa sessão na Câmara, caiu por pedir emprestado o avião do amigão doleiro para passear.

O fogão de Demóstenes esquentou e a geladeira não esfriou as apurações da PF e da imprensa sobre as relações perigosíssimas entre o senador e o bicheiro, que incluíam centenas de ligações telefônicas, um celular antigrampo e bons serviços prestados pelo político ao amigão no Executivo, no Judiciário e no Legislativo. Já o avião emprestado para Vargas pousou em mensagens, divulgadas pela revista "Veja", em que o deputado e seu amigão discutiam como tirar vantagem do Ministério da Saúde -logo da Saúde?!- e conquistar "independência financeira".

Demóstenes esperneou até virar pó na política. Vargas produziu cenas vexaminosas, subindo à tribuna para dizer que pedir avião emprestado (não se pede nem carro...) foi uma mera "imprudência". Ontem, ele pediu licença do mandato e da vice-presidência da Câmara, o que é um passo para a renúncia.

A desgraça de André Vargas poderá ou não respingar sobre as campanhas do PT no Paraná, mas certamente irá influenciar a eleição para a presidência da Câmara em 2015.

Sem o petista Vargas na disputa, o pemedebista Eduardo Cunha -espinho no sapato de Dilma- passa a liderar todas as apostas em Brasília.

Um comentário:

matuto disse...

Um dos bordões usados pela comediante "Filó" demonstra bem a situação do deputado:
AH! COITADO!!!
No meio político a distância entre o céu e o inferno não existe. Este caso é mais uma demonstração de como o vicio prega peças nos personagens (políticos).
Como as mensagens do celular mostram, ele estava em busca da "independência financeira" e, sobrou-lhe o papel de: "BOI DE PIRANHA". Toda a imprensa só fala do caso e, esquece o "furacão" PETROBRAS.
Senhores vamos mudar o foco dos holofotes! Não vamos, mais uma vez, sermos manipulados pela "zelite do poder" e, deixar passar a boiada!
BRAZIL, PAÍS RICO...DE "BOIS"!!!