FOLHA DE SP - 16/02
A certeza de Felipão de que o Brasil será campeão é uma sabedoria técnica ou uma tática psicológica?
Com o evidente crescimento individual e coletivo da seleção, que vai além da conquista da Copa das Confederações, a avaliação do time, que era excessivamente negativa, como se o Brasil estivesse mil anos atrasado na parte tática e tivesse apenas um grande jogador, Neymar, passou a ser exageradamente positiva, como se a seleção fosse a única favorita no Mundial e possuísse inúmeros foras de série. Nem uma coisa nem outra.
Fred é um excelente centroavante. Porém, mesmo irregular e sem nunca ter sido destaque mundial --era reserva no Lyon--, desperta em Felipão, e na maioria das pessoas, o sentimento de que, na hora de a onça beber água, ele brilha, mesmo sem boas condições físicas. Isso ocorre por causa das boas atuações na Copa das Confederações e em alguns clubes. Outro motivo é o pensamento mágico, de achar que o desejo é maior que a realidade.
Ocorre com Júlio César, que não joga, algo parecido. Sua escalação na Copa, antecipada pelo técnico, ultrapassa a realidade, como se suas excelentes atuações na Copa das Confederações fossem o único parâmetro. Ou seria também uma desconfiança em relação aos outros goleiros?
Felipão já disse que vai convocar um típico centroavante para a reserva de Fred. Nenhum convence. Poderia ser um meia ofensivo, como Kaká ou Robinho, mas os dois não merecem, por suas atuações no Milan. Nem o lobby de Galvão Bueno por seu amigo Kaká convenceu Felipão. O técnico não gosta também de chamar um jogador muito famoso para ficar na reserva. Bastaria um mau momento do time para a torcida pedir Kaká, como se ele fosse o craque de antes. Este foi um dos motivos de não levar Romário ao Mundial de 2002. Felipão entende da alma humana.
Um dos méritos de Felipão foi fazer com que a seleção tenha sistema tático e estratégia muito parecidas com as das melhores equipes do mundo. Isso só é possível porque quase todos atuam na Europa, ao lado de muitos craques e sob o comando de ótimos técnicos, como Mourinho, do Chelsea, clube com quatro brasileiros na seleção.
Existem muitas incertezas em relação à Copa do Mundo. O grande número de pessoas indiferentes ou revoltadas com os absurdos gastos públicos vão vestir a amarelinha, quando a bola rolar? Muitos destes falam hoje que vão torcer pela Argentina. As manifestações serão maiores, menores ou tão intensas quanto às do ano passado?
O Brasil vai ganhar a Copa?
São inúmeras análises e possibilidades, muitas lógicas e convincentes. Quando o Mundial acabar, só uma será aceita, de acordo com o resultado. As outras serão ignoradas e criticadas. O mais interessante de tudo isso é que muitas das partidas equilibradas serão decididas nos detalhes, por causa de uma dor de cotovelo ou por uma bola que bateu na trave e entrou, em vez de sair.
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