O Estado de S.Paulo - 07/02
O fracasso econômico da presidente Dilma Rousseff acaba de ser atestado oficialmente, mais uma vez, com os números do desastroso desempenho da indústria em 2013. A produção industrial cresceu só 1,2% no ano passado. Precisaria ter crescido pouco mais que o dobro disso apenas para compensar a redução de 2,5% em 2012 e retomar o nível de 2011, primeiro ano do atual governo, quando a expansão ficou em 0,4%. De fato, ficou pouco abaixo do nível de 2010. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dirigido por pessoas até agora insuspeitas de envolvimento em guerra psicológica. Depois de três anos de diagnósticos errados e medidas tão inúteis quanto custosas, o balanço é inequívoco: a produção do setor encolheu ao longo de três quartos da atual gestão.
A aritmética é simples: quando o produto cresce 0,4% no primeiro período, encolhe 2,5% no segundo e aumenta 1,2% no terceiro, o valor acumulado é um número negativo (-0,93%). O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato ao governo paulista, deve ter a respeito do assunto informações muito exclusivas e desconhecidas do pessoal do IBGE e de outros analistas da atividade industrial. "Em três anos", disse ele em Brasília, na segunda-feira, em cerimônia no Ministério, "conseguimos reverter legados malditos, fruto da ausência de uma política industrial neste país nos anos 90."
Pode-se falar com propriedade sobre dois legados malditos, um do presidente Lula para sua sucessora e outro da presidente Rousseff para quem assumir a chefia de governo em 2015. Os dois legados, complementares, incluem contas públicas em mau estado, inflação muito alta pelos padrões internacionais e economia com baixo nível de competitividade.
A insuficiente formação de capital fixo - demonstrada novamente pelos dados da indústria - é parte dessa herança dupla. Segundo a presidente e seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, a economia brasileira é agora puxada pelo investimento, isto é, pela aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, edificações civis e infraestrutura. Os atrasos do programa de infraestrutura são conhecidos. Só dentro de alguns anos as graves deficiências do setor de transportes começarão a diminuir de forma significativa. No setor industrial o investimento continua estagnado e ninguém sabe quando esse quadro começará a mudar.
Autoridades chamaram a atenção mais de uma vez para o crescimento, em 2013, da indústria de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos. Mas os números só impressionam quando examinados em perspectiva muito limitada. No ano passado, o segmento de bens de capital produziu 13,3% mais que no ano anterior, segundo o IBGE. O resultado parece muito promissor e até entusiasmante. Mas a produção havia diminuído 11,8% no ano anterior. Havia caído, portanto, a um nível correspondente a 88,2% do alcançado em 2011.
Um crescimento de 13,3% sobre essa base leva a um patamar ainda equivalente a 99,93% do alcançado dois anos antes. Ou seja, o resultado acumulado em 2012 e 2013 foi um crescimento pouco abaixo de zero. Além disso, o aumento da produção de bens de capital foi altamente concentrado em caminhões e máquinas agrícolas e refletiu, portanto, a evolução do setor mais dinâmico e mais eficiente do Brasil, a agropecuária.
Outros indicadores da indústria completam harmonicamente o quadro sombrio. O crescimento da produção de bens intermediários foi nulo. O segmento de bens de consumo duráveis foi 0,7% maior que em 2012, quando havia diminuído 3,5%. A fabricação de bens de consumo semiduráveis e não duráveis encolheu 0,5%, depois de ter aumentado apenas 0,2% no ano anterior.
Mas o emprego e o consumo ainda cresceram em 2013. De fato, o emprego cresceu, mas principalmente em atividades pouco produtivas. A expansão do consumo refletiu-se em parte no aumento de preços - maior que o do ano anterior - e em parte no aumento das importações e na deterioração do saldo comercial. São tópicos interessantes para os próximos comentários econômicos do candidato Alexandre Padilha.
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