CORREIO BRAZILIENSE - 05/02
É certamente exagero chamar de apagão a falha no fornecimento que ontem deixou sem eletricidade partes das regiões Norte, Sul e Sudeste, por pelo menos 35 minutos, pouco depois das 14h. Mas, mesmo que as autoridades tentem minimizar o problema, não há como evitar mais uma volta no torniquete das preocupações que se acumulam em relação ao setor elétrico.
A virada de ano fraca de chuvas em áreas que respondem pela formação dos reservatórios das principais geradoras do país já vinha sinalizando perigo, há meses, quanto a eventual insuficiência de geração. Agora, as atenções passam a se voltar também para o sistema de transmissão.
O desligamento automático de equipamentos de uma interligação de 500kV por "perturbações" no Sistema Interligado Nacional, entre Colinas (TO) e Serra da Mesa (GO), foi o que causou a falha da vez. Mas não parece responsável limitar a esse episódio a avaliação do sistema e, muito menos, julgá-lo absolutamente confiável.
Pelo contrário. Todos lembram-se de que, em agosto, uma queimada em fazenda no Piauí deixou no escuro grande parte do Norte do país. Mas o que mais impressiona é a constatação de que, apesar de licitadas e concedidas, extensas redes de transmissão de energia - destinadas a ampliar a capacidade de fluxo e a segurança das ligações entre aquela região e os mercados consumidores do Sul, Centro-oeste e Sudeste - estão atrasadas, algumas em até quatro anos, em relação ao cronograma previsto.
Segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a situação dos projetos aprovados entre 2010 e o fim de 2013 revela que os órgãos de fiscalização ambiental, que antes focavam mais no setor de geração elétrica, passaram a levar entre 500 e 1,5 mil dias para conceder as licenças de implantação das linhas de transmissão. Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que, nos últimos meses de 2013, 71% das obras de transmissão estavam com cronogramas atrasados.
Na recente viagem a Davos, para falar a investidores internacionais sobre oportunidades de investimentos no Brasil, a presidente Dilma levou uma coleção de propostas que somam R$ 123 bilhões, capital privado que o governo pretende atrair para setor elétrico. Os leilões programados até 2017 preveem a contratação de 27,575 mil megawatts, a serem gerados por novas usinas, além da instalação de 19,6 mil quilômetros de linhas de transmissão.
São projetos que revelam as projeções do governo para o crescimento da demanda nos próximos anos. Mas também dão a dimensão do problema que o país terá de enfrentar se não encontrar uma forma de ultrapassar as dificuldades que colocam em xeque a capacidade de produção e de competitividade da economia brasileira.
Hoje, o uso excessivo das usinas térmicas, montadas como paliativo logo depois do racionamento de 2001, e o baixo ritmo da produção industrial diminuem o risco de apagões. Mas um país que pretende se manter entre as grandes economias do mundo não pode continuar contando com coincidências para escapar do aperto. Qualquer investidor medianamente informado pensará muitas vezes antes de plantar aqui seu capital.
A virada de ano fraca de chuvas em áreas que respondem pela formação dos reservatórios das principais geradoras do país já vinha sinalizando perigo, há meses, quanto a eventual insuficiência de geração. Agora, as atenções passam a se voltar também para o sistema de transmissão.
O desligamento automático de equipamentos de uma interligação de 500kV por "perturbações" no Sistema Interligado Nacional, entre Colinas (TO) e Serra da Mesa (GO), foi o que causou a falha da vez. Mas não parece responsável limitar a esse episódio a avaliação do sistema e, muito menos, julgá-lo absolutamente confiável.
Pelo contrário. Todos lembram-se de que, em agosto, uma queimada em fazenda no Piauí deixou no escuro grande parte do Norte do país. Mas o que mais impressiona é a constatação de que, apesar de licitadas e concedidas, extensas redes de transmissão de energia - destinadas a ampliar a capacidade de fluxo e a segurança das ligações entre aquela região e os mercados consumidores do Sul, Centro-oeste e Sudeste - estão atrasadas, algumas em até quatro anos, em relação ao cronograma previsto.
Segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a situação dos projetos aprovados entre 2010 e o fim de 2013 revela que os órgãos de fiscalização ambiental, que antes focavam mais no setor de geração elétrica, passaram a levar entre 500 e 1,5 mil dias para conceder as licenças de implantação das linhas de transmissão. Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que, nos últimos meses de 2013, 71% das obras de transmissão estavam com cronogramas atrasados.
Na recente viagem a Davos, para falar a investidores internacionais sobre oportunidades de investimentos no Brasil, a presidente Dilma levou uma coleção de propostas que somam R$ 123 bilhões, capital privado que o governo pretende atrair para setor elétrico. Os leilões programados até 2017 preveem a contratação de 27,575 mil megawatts, a serem gerados por novas usinas, além da instalação de 19,6 mil quilômetros de linhas de transmissão.
São projetos que revelam as projeções do governo para o crescimento da demanda nos próximos anos. Mas também dão a dimensão do problema que o país terá de enfrentar se não encontrar uma forma de ultrapassar as dificuldades que colocam em xeque a capacidade de produção e de competitividade da economia brasileira.
Hoje, o uso excessivo das usinas térmicas, montadas como paliativo logo depois do racionamento de 2001, e o baixo ritmo da produção industrial diminuem o risco de apagões. Mas um país que pretende se manter entre as grandes economias do mundo não pode continuar contando com coincidências para escapar do aperto. Qualquer investidor medianamente informado pensará muitas vezes antes de plantar aqui seu capital.
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