ZERO HORA - 18/12
Merece atenção a decisão da montadora Nissan de interromper o contrato de patrocínio que tinha com o clube Vasco da Gama devido aos atos de violência praticados por sua torcida, recentemente, em Joinville. A fábrica japonesa declarou em nota que considera o comportamento daquele grupo de torcedores incompatível com os valores e princípios sustentados e defendidos pela empresa em todo o mundo. Por isso, optou por rescindir o contrato de publicidade que assegurava ao clube carioca o equivalente a R$ 7 milhões por ano. O patrocínio fora assinado em julho último e deveria durar quatro anos.
Patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, no Rio, a Nissan reafirma seu compromisso com o esporte, mas não quer ver sua marca associada à má imagem deixada pelos integrantes da torcida organizada que participaram do confronto contra torcedores do Atlético Paranaense.
O assunto é controverso, pois os clubes de futebol não aceitam ser responsabilizados pela má conduta de alguns torcedores. Mas o Estatuto do Torcedor determina claramente que as entidades esportivas estabeleçam uma relação de absoluta transparência com as torcidas organizadas, inclusive cadastrando torcedores para manter o controle sobre o seu comportamento. Além disso, como os clubes costumam doar ingressos, transporte e até dinheiro para as organizadas, não há como fugir da corresponsabilidade.
A decisão da montadora até pode ser questionada judicialmente, de acordo com os termos do contrato, mas tem sentido como medida de combate à violência nos estádios. Se fabricantes de material esportivo e outras empresas que investem no futebol impusessem cláusulas rescisórias em caso de prejuízo de imagem, certamente os clubes passariam a dispensar mais rigor e mais profissionalismo aos seus torcedores. A parte saudável da torcida também aprovaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário