CORREIO BRAZILIENSE - 09/12
O Banco Central (BC), desde que conseguiu se desgarrar, pelo menos parcialmente, das orientações de política monetária (criativas, porém perigosas) do governo, tem tomado decisões corretas e oportunamente anunciadas. Da autoridade monetária, o mínimo que se espera é a capacidade de leitura dos cenários interno e externo para a tomada de decisões. Mais do que isso, é fundamental que convença a todos de que tomou a decisão certa e tem o controle da situação.
O que explica a quase desesperada tentativa dos que atuam no mercado financeiro de traduzir projeções do BC para o futuro próximo são as operações do mercado de juros de médio e longo prazos. Contratos de milhões são firmados agora para valer por um ano ou mais. O cálculo menos avisado das taxas de juros pode representar perdas enormes. E esse é só um exemplo do que se passa no mercado de crédito, um dos principais motores do mundo dos negócios.
O bom funcionamento desse setor está na base do crescimento da economia e da geração de empregos, embora isso nem sempre seja percebido por certos economistas e políticos eventualmente escolhidos para cargos de comando da economia. O problema é que, se fosse fácil ler com precisão os cenários em todas as circunstâncias, nem seria preciso contar com economistas bem preparados e experientes.
É o caso dos perigos do câmbio, que, muitas vezes, exigem mais cautela do que pressa. É mais do que sabido - e os últimos dados do PIB e do desemprego nos EUA atestam - que a maior economia do planeta não apenas não acabou como está em recuperação. E isso tem o lado perigoso de levar o banco central de lá a suspender o programa de irrigação monetária, que resulta na compra mensal de US$ 85 bilhões de títulos em poder do mercado, criado para ajudar o país a sair mais depressa da crise. É alteração que vai, de repente, valorizar o dólar, aumentar os juros pagos pelos bônus e atrair para o Tesouro norte-americano capitais do mundo inteiro.
O impacto dessa mudança sobre a inflação no Brasil é evidente, não só pelo aumento do custo e da eventual escassez do crédito externo, como pelo encarecimento das importações de produtos e insumos. Quando isso vai começar? Essa é a pergunta de US$ 1 milhão, para a qual nosso BC tem tido a prudência de reconhecer que desconhece a resposta. Mas os mercados de crédito e de câmbio brasileiros, ou de qualquer país, não podem se dar ao luxo de esperar que esse cenário se configure. Nessa hora, a incerteza, que nesses mercados se traduz por risco, aumenta e antecipa indesejáveis altas de preços e de juros.
Por isso mesmo, é acertada a decisão anunciada na semana passada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de manter em 2014 o esquema de proteção cambial acionado desde o fim de agosto. Trata-se da garantia de rações diárias de dólares, por meio de leilões diários de swaps cambiais, que passaram a ser realizados de segunda a quinta-feira. E, às sextas-feiras, o BC promove uma injeção no mercado à vista, com ofertas públicas de US$ 500 milhões em cada leilão. Já na quinta-feira, o mercado se acalmou, quebrando uma sequência de sete altas do dólar. Só comprova que, se é impossível evitar decisões soberanas do exterior, seria inaceitável não se antecipar a elas.
O que explica a quase desesperada tentativa dos que atuam no mercado financeiro de traduzir projeções do BC para o futuro próximo são as operações do mercado de juros de médio e longo prazos. Contratos de milhões são firmados agora para valer por um ano ou mais. O cálculo menos avisado das taxas de juros pode representar perdas enormes. E esse é só um exemplo do que se passa no mercado de crédito, um dos principais motores do mundo dos negócios.
O bom funcionamento desse setor está na base do crescimento da economia e da geração de empregos, embora isso nem sempre seja percebido por certos economistas e políticos eventualmente escolhidos para cargos de comando da economia. O problema é que, se fosse fácil ler com precisão os cenários em todas as circunstâncias, nem seria preciso contar com economistas bem preparados e experientes.
É o caso dos perigos do câmbio, que, muitas vezes, exigem mais cautela do que pressa. É mais do que sabido - e os últimos dados do PIB e do desemprego nos EUA atestam - que a maior economia do planeta não apenas não acabou como está em recuperação. E isso tem o lado perigoso de levar o banco central de lá a suspender o programa de irrigação monetária, que resulta na compra mensal de US$ 85 bilhões de títulos em poder do mercado, criado para ajudar o país a sair mais depressa da crise. É alteração que vai, de repente, valorizar o dólar, aumentar os juros pagos pelos bônus e atrair para o Tesouro norte-americano capitais do mundo inteiro.
O impacto dessa mudança sobre a inflação no Brasil é evidente, não só pelo aumento do custo e da eventual escassez do crédito externo, como pelo encarecimento das importações de produtos e insumos. Quando isso vai começar? Essa é a pergunta de US$ 1 milhão, para a qual nosso BC tem tido a prudência de reconhecer que desconhece a resposta. Mas os mercados de crédito e de câmbio brasileiros, ou de qualquer país, não podem se dar ao luxo de esperar que esse cenário se configure. Nessa hora, a incerteza, que nesses mercados se traduz por risco, aumenta e antecipa indesejáveis altas de preços e de juros.
Por isso mesmo, é acertada a decisão anunciada na semana passada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de manter em 2014 o esquema de proteção cambial acionado desde o fim de agosto. Trata-se da garantia de rações diárias de dólares, por meio de leilões diários de swaps cambiais, que passaram a ser realizados de segunda a quinta-feira. E, às sextas-feiras, o BC promove uma injeção no mercado à vista, com ofertas públicas de US$ 500 milhões em cada leilão. Já na quinta-feira, o mercado se acalmou, quebrando uma sequência de sete altas do dólar. Só comprova que, se é impossível evitar decisões soberanas do exterior, seria inaceitável não se antecipar a elas.
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