CORREIO BRAZILIENSE - 15/11
A sabedoria popular diz que a ocasião faz o ladrão. Há quem discorde. Cresce o número dos que repensam o ditado. A ocasião não faz o ladrão, afirmam eles. A ocasião faz o roubo. O ladrão nasce pronto. Com o DNA, cria a ocasião.Esquema de fraudes montado na Secretaria de Finanças de São Paulo vem ao encontro dos contestadores. Pelo menos cinco auditores desfalcaram os cofres públicos em R$ 500 milhões. Em troca de propina, a quadrilha dava desconto no Imposto sobre Serviços (ISS) devido por construtoras. As manobras permitiam desviar 90% do valor a ser arrecadado.
O avanço das investigações confirmou as suspeitas da existência de rede de cúmplices comprometidos com o assalto ao erário. Delações premiadas levaram a Antonio Donato, secretário do Governo Municipal da administração Fernando Haddad. Homem forte do prefeito, Donato foi obrigado a deixar o cargo.
Segundo Eduardo Barcellos, um dos membros do esquema, o agora ex-secretário teria recebido mesada de R$ 20 mil em 2011 e 2012 quando era vereador e, posteriormente, coordenador da campanha petista. Não só. Este ano, Barcellos trabalhou na equipe de Donato durante três meses. A máfia paulistana, de acordo com as denúncias, contou com outros tentáculos no Legislativo local. O vereador Aurélio Miguel (PR), judoca medalhista olímpico, teria embolsado "muito dinheiro".
A investigação que frequenta as manchetes há duas semanas começou em 2010. Há suspeitas de que o esquema teria começado em 2006. Talvez antes. Se considerarmos que apenas 10% do imposto chegava ao destino legal depois do banquete da corrupção, impõem-se o aprofundamento das investigações, a punição dos envolvidos e o ressarcimento dos cofres públicos assaltados por servidores, políticos e empresários pervertidos.
Mais: há que melhorar a fiscalização. É inaceitável que quadrilhas passem anos atuando com desenvoltura em setores-chave da administração sem serem descobertas. Há falhas que precisam ser corrigidas para prevenir roubalheiras que oneram o Estado, comprometem os poderes e empobrecem a população.
Enquanto não se encarar o problema com seriedade e determinação, mantém-se o processo de secar gelo. Graças ao acaso, tapa-se um ralo, mas muitos outros se abrem ou permanecem abertos. Crime organizado sobrevive com Estado desorganizado - seja por incompetência, seja por má-fé. Em bom português: se o ladrão nasce feito, a alternativa é fechar as portas da ocasião.
O avanço das investigações confirmou as suspeitas da existência de rede de cúmplices comprometidos com o assalto ao erário. Delações premiadas levaram a Antonio Donato, secretário do Governo Municipal da administração Fernando Haddad. Homem forte do prefeito, Donato foi obrigado a deixar o cargo.
Segundo Eduardo Barcellos, um dos membros do esquema, o agora ex-secretário teria recebido mesada de R$ 20 mil em 2011 e 2012 quando era vereador e, posteriormente, coordenador da campanha petista. Não só. Este ano, Barcellos trabalhou na equipe de Donato durante três meses. A máfia paulistana, de acordo com as denúncias, contou com outros tentáculos no Legislativo local. O vereador Aurélio Miguel (PR), judoca medalhista olímpico, teria embolsado "muito dinheiro".
A investigação que frequenta as manchetes há duas semanas começou em 2010. Há suspeitas de que o esquema teria começado em 2006. Talvez antes. Se considerarmos que apenas 10% do imposto chegava ao destino legal depois do banquete da corrupção, impõem-se o aprofundamento das investigações, a punição dos envolvidos e o ressarcimento dos cofres públicos assaltados por servidores, políticos e empresários pervertidos.
Mais: há que melhorar a fiscalização. É inaceitável que quadrilhas passem anos atuando com desenvoltura em setores-chave da administração sem serem descobertas. Há falhas que precisam ser corrigidas para prevenir roubalheiras que oneram o Estado, comprometem os poderes e empobrecem a população.
Enquanto não se encarar o problema com seriedade e determinação, mantém-se o processo de secar gelo. Graças ao acaso, tapa-se um ralo, mas muitos outros se abrem ou permanecem abertos. Crime organizado sobrevive com Estado desorganizado - seja por incompetência, seja por má-fé. Em bom português: se o ladrão nasce feito, a alternativa é fechar as portas da ocasião.
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