sexta-feira, novembro 01, 2013

A guerra verbal - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 01/11

O Bolsa Família está para 2014 assim como as privatizações estiveram para a campanha de 2006, quando Lula foi reeleito. Naquela época, o PT criou o discurso de que o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, privatizaria as estatais, caso chegasse ao Planalto. Alckmin, que jamais havia defendido as privatizações do Banco do Brasil, da Caixa Econômica etc., mordeu a isca e ficou emparedado, respondendo ao presidente candidato. Esta semana, em Brasília, Lula abriu esse discurso para o ano que vem. Colocou a oposição no papel de vilã, como se fosse contrária ao Bolsa Família. Será o mote de 2014, na linha de tentar garantir os milhões de votos a cargo das famílias beneficiadas pelo programa.

Ocorre que, agora, a oposição está vacinada. Aécio sempre afirmou que o Bolsa Família deve continuar e que a gênese desse programa está no governo Fernando Henrique Cardoso. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, sempre repisa a manutenção dos programas sociais. Desta vez, será difícil de os dois morderem a isca que Lula tenta jogar para pautar o debate eleitoral do ano que vem como pautou o de 2006. Mas é por aí que o petista vai jogar.

E a Rede furou I
A sanção ontem do projeto que veda a transferência de tempo de tevê e fundo partidário a novos partidos tende a esvaziar a Rede, de Marina Silva. Isso porque, em 2018, ainda que o novo partido esteja criado até lá, será difícil aos detentores de mandato saírem de onde estiverem para uma legenda com tempo mínimo de tevê.

E a Rede furou II
Pelo projeto sancionado ontem, só em 2020 ou 2022, é que a Rede, se conquistar alguma representação na eleição anterior (2018), terá direito a algum espacinho a mais na tevê para ir além do bordão “meu nome é Marina!” É um prazo tão distante que nem os políticos com bola de cristal alcançam.

A ordem dos fatores
O Solidariedade tem a seguinte escala na campanha presidencial. Primeiro, Aécio Neves. Depois, Eduardo Campos. Por último, Dilma Rousseff.

Diálogo zero
Relator da Medida Provisória 623, que trata da dívida dos pequenos agricultores, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) está revoltado. Depois de diversas audiências públicas para formatar seu parecer e correr atrás de quórum para votação, ele descobriu que PT e PMDB fecharam acordo para deixar a MP perder a validade. “O único que foi sincero comigo foi o líder do PMDB, Eduardo Cunha, que me falou a verdade. Os líderes do governo ficaram enrolando”, reclamou.

E a conta, ó…
Em tempo: o projeto de Lucena obriga os bancos a entregarem aos agricultores um histórico da dívida com todos os reajustes. “Tem gente que pegou R$ 22 mil, há 10 anos, e hoje deve R$ 235 mil e o banco não lhe dá o extrato com o histórico e vai continuar desobrigado a dar”, reclama o senador.

Ele vai sair/ O secretário de Planejamento do GDF, Luiz Paulo Barreto, tem recusado muitos convites para deixar o governo, mas, na virada do ano, vai para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Fará muita falta na equipe do governador Agnelo Queiroz.

Uruca braba/ A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi vista dia desses saindo do Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Está com artrose no joelho e no quadril. O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, apareceu com o braço engessado. Ganhou 21 pinos no cotovelo depois de uma queda na caminhada matinal, em Brasília. Oxalá, meu pai! Ainda bem que o Dia das Bruxas foi ontem!

Dos males…/ Depois de a ministra dizer que a artrose era “um problema de DNA, data de nascimento antiga”, perguntei sobre o PMDB. Eis a resposta: “Prefiro a fisioterapia. É mais fácil”.

Ela estava lá/ Citada como provável candidata a vice de vários interessados no Governo do Distrito Federal, Liliane Roriz (foto) esteve no encontro do PSDB local com Aécio Neves. Ela garante que não está trabalhando esse tema: “Estou aqui a convite de Eduardo Jorge (presidente do PSDB-DF). Meu foco no momento é o meu mandato”, disse à coluna.

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