O GLOBO - 18/08
Há razões de ordem interna que podem justificar a desvalorização do real frente ao dólar. No entanto, o mais provável é que esse fenômeno seja mais um reflexo da antecipação dos mercados em relação ao que pode vir a acontecer em futuro próximo nos fluxos internacionais de capitais à medida que se tornarem ainda mais evidentes os sinais de recuperação das economias mais desenvolvidas. Mesmo os países da zona do euro, os mais afetados pela crise financeira dos últimos cinco anos, possivelmente vão registrar evolução de suas economias neste segundo semestre, se confirmadas as previsões. No segundo trimestre teria havido um crescimento de 0,3% na média das 17 nações que adotaram o euro como moeda única, puxado pelos desempenhos da Alemanha (0,7%) e da França (0,5%). A Grã-Bretanha, que faz parte da União Europeia mas tem a sua própria moeda, a libra, teria crescido 0,6% no trimestre passado.
Esse é um panorama bem diferente daquele que a economia brasileira se habituou a conviver desde o agravamento da crise financeira. Se, por um lado, a depreciação do real ajusta o câmbio para um patamar mais compatível com as condições econômicas do país, estancando um processo de deterioração das contas externas, por exemplo, por outro, dificulta o combate à inflação doméstica, um problema que persiste no Brasil, embora sem comparação com a calamitosa situação de décadas atrás.
Conciliar os objetivos não é tarefa simples e nem fácil de política econômica. Os interesses de curto prazo quase sempre se chocam com as iniciativas que precisam ser tomadas para serem colhidas com o passar do tempo. Políticos e governantes só costumam se sensibilizar para esse tipo de iniciativa quando percebem uma reação positiva antecipada em relação ao que será feito (como aconteceu com as minirreformas da previdência aprovadas desde os anos 90). Por isso, a política econômica geralmente caminha mais ao sabor da conjuntura, com tendência a jogar os problemas para a frente.
Só que há uma mudança de conjuntura se aproximando, o que obriga o Brasil a enfrentar a realidade que o governo antes imaginava que seria possível contornar. Enfrentar a inflação sem uma forte contribuição da política fiscal, com maior controle sobre as despesas de custeio, é algo cada vez mais inviável. Do mesmo modo, não dá mais para postergar a prioridade para a concretização de investimentos em infraestrutura, e isso exigirá, de fato, o abandono da visão preconceituosa contra a participação privada nessa área.
As próximas licitações para concessões de aeroportos, ferrovias, portos, assim como do campo de petróleo de Libra, na camada do pré-sal, serão uma grande oportunidade para o Brasil demonstrar que está ajustando de fato o rumo de sua política econômica.
Esse é um panorama bem diferente daquele que a economia brasileira se habituou a conviver desde o agravamento da crise financeira. Se, por um lado, a depreciação do real ajusta o câmbio para um patamar mais compatível com as condições econômicas do país, estancando um processo de deterioração das contas externas, por exemplo, por outro, dificulta o combate à inflação doméstica, um problema que persiste no Brasil, embora sem comparação com a calamitosa situação de décadas atrás.
Conciliar os objetivos não é tarefa simples e nem fácil de política econômica. Os interesses de curto prazo quase sempre se chocam com as iniciativas que precisam ser tomadas para serem colhidas com o passar do tempo. Políticos e governantes só costumam se sensibilizar para esse tipo de iniciativa quando percebem uma reação positiva antecipada em relação ao que será feito (como aconteceu com as minirreformas da previdência aprovadas desde os anos 90). Por isso, a política econômica geralmente caminha mais ao sabor da conjuntura, com tendência a jogar os problemas para a frente.
Só que há uma mudança de conjuntura se aproximando, o que obriga o Brasil a enfrentar a realidade que o governo antes imaginava que seria possível contornar. Enfrentar a inflação sem uma forte contribuição da política fiscal, com maior controle sobre as despesas de custeio, é algo cada vez mais inviável. Do mesmo modo, não dá mais para postergar a prioridade para a concretização de investimentos em infraestrutura, e isso exigirá, de fato, o abandono da visão preconceituosa contra a participação privada nessa área.
As próximas licitações para concessões de aeroportos, ferrovias, portos, assim como do campo de petróleo de Libra, na camada do pré-sal, serão uma grande oportunidade para o Brasil demonstrar que está ajustando de fato o rumo de sua política econômica.
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