O GLOBO - 22/07
Não passa um dia sem que os jornais noticiem que os investidores estrangeiros estão deixando o Brasil. Vendem suas ações na Bolsa ou se desfazem de seus títulos públicos, que já não estão mais tão atraentes, depois que o juro caiu de 20% ao ano para os atuais 8,5%. Esse dinheiro veio buscar o lucro rápido. É um capital de curto prazo que ao menor sinal de retração da economia vai buscar uma chance de ganho melhor em outro país.
Mas é preciso olhar o capital que interessa ao país no longo prazo. É o chamado Investimento Estrangeiro Direto (IED). É dinheiro aplicado na criação de empresas, em fusões e aquisições ou empréstimos entre matrizes e filiais. São recursos que geram empregos e ajudam o Brasil a crescer. Esse dinheiro fica por anos no país. Pela primeira vez, os emergentes receberam mais investimentos estrangeiros diretos do que as economias ricas no ano passado. E o Brasil foi destaque.
Os países em desenvolvimento responderam por 52% do fluxo total de IED mundial no ano passado, atraindo US$ 703 bilhões. Já os países ricos tiveram um investimento de US$ 561 bilhões. O Brasil saltou do quinto para o quarto lugar no ranking das nações que mais receberam dinheiro destinado à produção. Foram injetados no país nada menos que US$ 65 bilhões em 2012. O Brasil ficou apenas atrás de Estados Unidos (US$ 168 bilhões), China (US$ 121 bilhões) e Hong Kong (US$ 75 bilhões). É um número para se comemorar.
A consultoria Ernst &Young Terco listou uma série de motivos que mantêm o Brasil atrativo aos olhos do investidor estrangeiro de longo prazo. Entre eles, estão uma classe média crescente, uma forte demanda doméstica e enormes reservas inexploradas de recursos naturais. Além disso, diz a consultoria, precisamos de políticas governamentais de incentivo, simplificação dos processos de licenciamento e do ambiente regulatório. Crédito subsidiado, redução tributária e opções de financiamento acessíveis também são elementos de atração de recursos.
Os US$ 65 bilhões que pousaram no Brasil no ano passado vieram para montar empresas, mas também para aproveitar o crescimento do setor de serviços. A grande quantidade de recursos petrolíferos, de gás e minerais, além da expansão rápida da classe média são fatores que continuam a atrair investimentos estrangeiros diretos para a América do Sul, incluindo o Brasil , afirma a Unctad, órgão das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio. Um dos problemas apontados é que o IED na América do Sul se concentra nas indústrias extrativistas, onde companhias estrangeiras têm papel de destaque. A exceção é o Brasil.
Não se pode desdenhar dos avanços obtidos nos últimos anos, como a abertura da economia, o fim da hiperinflação, a universalização dos serviços de telefonia. O Brasil só precisa de ajustes para retomar o crescimento.
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