No jargão da polícia rodoviária e das companhias de seguro, a sigla PT quer dizer “perda total”. A expressão tem sido bastante usada na linguagem cotidiana. Por exemplo: quando um jovem vai para a balada e comete excessos, no dia seguinte comenta no Facebook: “Ontem eu dei PT”.
Nosso país vem dando PT há muito tempo – mas por que só agora as pessoas acham que existe alguma coisa errada? A resposta é simples: porque neste momento as manifestações serão utilizadas como pretexto para reforçar o poder do grupo governante. A tentativa de golpe de Estado proposta por dona Dilma, no calor dos protestos, é um exemplo dos perigos que nos cercam. Outras panaceias venenosas virão por aí: financiamento público de campanha (também conhecido como bolsa-candidato); voto em listas (devidamente organizadas pelos chefões partidários); controle social da mídia (o nome esquerdista para censura); eliminação de qualquer candidato ameaçador à hegemonia petista. Não custa lembrar que todas as grandes ditaduras modernas foram precedidas – e reforçadas – por movimentos de massa.
Por mais que apareçam bons resultados – uma PEC 37 derrubada aqui, um deputadozinho preso ali –, no fim essa democracia plebiscitária vai dar PT. E vai dar PT porque a oposição não existe, porque os liberais e conservadores mal conseguem lotar uma Kombi, porque os partidos de extrema-esquerda só dizem e fazem besteira, porque é impossível atender à infinidade de slogans e sandices propaladas na rua, porque não se constrói um país civilizado com histeria demagógica e chilique ideológico.
Entre os que hoje me hostilizam por não aderir à Revolução dos Vinte Centavos – esse reality show das massas, esse Big Brother coletivo sem Pedro Bial –, vejo vários cidadãos que ajudaram a dar PT na minha cidade e no país. Ficaram quietinhos quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa e da Olimpíada, fingiram-se de mortos durante o mensalão, ajudaram a eleger dona Dilma e agora se acham campeões da moralidade pública. É compreensível que estejam bravinhos com quem se lembra desses fatos; só que também é ridículo.
Quando citei minha experiência pessoal para dizer por que não participo das atuais passeatas, disseram que eu fui “egocêntrico” e “vaidoso”. Quando citei autores que criticaram movimentos de massa, a acusação passou a ser de covardia e falta de originalidade. Mas quem disse que eu sou contra toda e qualquer marcha cívica? Eu sou apenas contra as marchas a ré – aquelas que dão PT.
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