FOLHA DE SP - 01/07
Datafolha registra queda expressiva na popularidade de Alckmin e Haddad; prognósticos para 2014 tornam-se mais difíceis
Reproduz-se, nos índices de popularidade do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Fernando Haddad (PT), o efeito devastador que as manifestações de junho tiveram sobre a avaliação do governo federal.
Em menos de um mês, segundo pesquisa Datafolha, caiu de 52% para 38% a proporção dos que consideram "bom" ou "ótimo" o desempenho do governador. Quanto ao prefeito, a queda, no mesmos quesito, foi de 34% para 18%.
Mais enfático, entretanto, é o fenômeno da rejeição a Haddad. Se Alckmin viu aumentar de 15% para 20% a proporção dos que consideram seu governo "ruim" ou "péssimo", no caso do mandatário municipal o salto foi de 21% para 40% na mesma rubrica.
Foi Haddad, afinal, o administrador em cujas mãos se inflamou o estopim das mobilizações. Diferentemente do governador ou da presidente, bem ou mal escorados numa imagem política mais consolidada, o prefeito enfrentou seu primeiro teste político real.
Seja como for, a perda na aprovação da dupla é comparável à que atingiu Dilma Rousseff, cuja aprovação caiu de 57% para 30%. Confirma-se a impressão de que, mais do que uma simples turbulência motivada pela questão dos ônibus ou do descontrole policial, são os políticos brasileiros de modo geral, naquilo em que todos se parecem, os vitimados pela inundação popular de junho.
O fenômeno se percebe com mais clareza quando se analisam os números relativos à preferência eleitoral dos entrevistados. Flutuam mal e mal, entre os destroços do tsunami, figuras atualmente desvinculadas de cargos administrativos --como o ex-governador tucano Aécio Neves, em torno de 15% nos diversos cenários da sucessão presidencial-- ou relativamente alheias à atividade política representativa.
Este é o caso do presidente do STF, Joaquim Barbosa --que passa a um patamar equivalente aos de Marina Silva e Aécio Neves. É também o caso, em certa medida, do peemedebista Paulo Skaf, que chega a 19% em alguns cenários para a sucessão estadual, sem destituir, entretanto, o favoritismo, ainda que abalado, de Alckmin.
Cabe ainda apontar, o que faz sentido no atual contexto, um notável aumento dos votos brancos e nulos. Praticamente dobrou a sua proporção, tanto no plano federal quanto no estadual.
O cenário mudou e mais do que nunca mostra-se indefinido. Convém lembrar, ademais, que, na pesquisa de intenção espontânea de voto para presidente, 55% ainda dizem não ter candidato. Se cabe a ironia, o mais sábio neste momento talvez seja nada saber.
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