quarta-feira, julho 31, 2013

A força do turismo - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 31/07
Estudo da Fundação Getulio Vargas indica crescimento de 13,1% no faturamento do setor de turismo em 2012, em relação a 2011, e estima expansão de 7,5% este ano. Os dados são bastante significativos, pois mostram avanço continuado da atividade. No mundo, é uma das mais dinâmicas da economia, mas, no Brasil, ainda tem muito a crescer e se impor na composição do Produto Interno Bruto (PIB).
O país tem recebido cerca de 5 milhões de turistas estrangeiros anualmente, número muito aquém do seu potencial, principalmente se comparado com o de outras nações menos favorecidas de atributos naturais, patrimônios arquitetônicos, estâncias climáticas e hidrominerais, praias, montanhas, cultura heterogênea, culinária diversificada, cidades coloniais, biodiversidade e clima múltiplo, mas com predominância do calor quase todo o ano na maioria das regiões. Contudo, essas prerrogativas são pouco exploradas por governos e iniciativa privada.

Para a Copa das Confederações, em junho, milhares de estrangeiros aportaram no país, e os brasileiros se deslocaram muito internamente. Porém, mais uma vez, comprovou-se que o padrão de qualidade dos serviços deixou muito a desejar, até mesmo nos estádios padrão Fifa. O país enfrenta problemas refratários, como altas taxas de criminalidade e violência, que geralmente chamam a atenção da imprensa mundo afora, o que acaba causando temor entre os que sonham conhecer o cenário tropical brasileiro. Escancaram-se as deficiências na infraestrutura dos aeroportos e dos sistemas de transportes das principais metrópoles, algumas também campeãs mundiais no ranking dos preços, tanto nos serviços de alimentação quanto nos de hospedagem - em 2012, subiram 9,6%, bem acima da inflação oficial de 5,84% (IPCA).

Estudo do Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC) revela que um em cada 11 postos de trabalho no mundo se encontra no setor. Ressalte-se que, no auge da crise na Europa e mesmo com crescimento modesto do PIB dos Estados Unidos, o turismo manteve em 2012 em torno de 260 milhões de empregos no mundo. Se a previsão para este ano, de crescimento global de 3,2%, acima da média de 2,4% para a economia internacional, se confirmar, o turismo abrirá pelo menos mais 8,2 milhões de postos de trabalho no planeta.

O Brasil tem potencial gigantesco para gerar parte dessas ocupações. Essa perspectiva de crescimento precisa mexer com os brios do segmento. Não pode haver mais protelação. A questão da infraestrutura tem de ser encarada com a máxima seriedade, sem improvisos e soluções paliativas. O país está a menos de um ano da Copa do Mundo e cada vez mais próximo das Olimpíadas de 2016. Está na hora, pois, de o poder público, nas três esferas (União, estados e municípios), abraçar o turismo como alavanca importante para o desenvolvimento sustentável, com reflexos substantivos no social - emprego e distribuição de renda.

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