FOLHA DE SP - 24/06
RIO DE JANEIRO - As imagens do Rio transmitidas ao vivo na quinta-feira à noite pelas TVs moldaram o tom do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff exibido em cadeia nacional um dia depois.
Àquela noite, quando cenas de milhares em uma caminhada tranquila e plural de repente se reverteram em focos de depredação por diferentes pontos da cidade, com um grupo espalhando o caos, a petista falou demoradamente com o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Se pelo país anda difícil desvendar o que de fato está acontecendo, aqui no Rio as coisas parecem ainda mais complicadas. O movimento --difuso e com menos organicidade aparente-- vem sendo acompanhado de lupa pelos diferentes órgãos do governo federal.
O temor de uma infiltração de grupos criminosos que nada têm a ver com os objetivos dos que estão aí nas ruas de forma pacífica há mais de uma semana é real.
A onda de saques e o movimento do comércio fechando e gradeando as portas, acuado e com medo, evocam uma memória dolorosa aos cariocas, de um passado recente e violento que ninguém quer de volta.
O Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, está em alerta. Para além das preocupações reais de garantia da ordem, ninguém esquece que 2014 é ano de eleição. A principal bandeira do grupo que aí está e tenta se manter no poder é justamente a segurança pública, um problema histórico que mobiliza os cariocas.
O quebra-cabeça das autoridades na tentativa de entender e processar todos os movimentos que derivam do fim da letargia e do retorno da população às ruas é amplo.
No plano político, intramuros, o Planalto faz seus mea-culpas. Mas reclama de ter recebido avaliações erradas e superficiais vindas de governadores e prefeitos. Só parece comprovar o bordão: ninguém, de fato, está entendendo nada.
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