O GLOBO - 24/06
As ondas de "destruição criativa" das novas tecnologias e das mídias sociais inundaram o território da política. As mesmas inovações que derrubaram fronteiras industriais estabelecidas abalam agora as instituições políticas pouco flexíveis com uma enxurrada de anseios há muito represados. A presidente entendeu o recado de uma classe média emergente: "Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido de recursos públicos." A voz das ruas foi um clamor de indignação com os políticos e de insatisfação com os serviços públicos. Aos gritos de "sem violência" e "sem partidos".
Há muito tenho dito que o Congresso nos deve uma reforma política, uma forma decente de conduzir a coisa pública. As evasivas ante as condenações do mensalão e a Proposta de Emenda Constitucional 37, um verdadeiro monumento à impunidade, demonstram ainda, mais do que a falta de sintonia do Congresso com a opinião pública, uma assustadora perda de legitimidade.
Tenho insistido também na descentralização de recursos do governo federal para estados e municípios, tornando os gastos públicos mais sensíveis aos anseios da população. "Transporte público, saúde e educação": o dinheiro tem de ir aonde o povo está. Quem gosta muito de estádios novos são as empreiteiras e o governo federal, enquanto prefeitos e governadores devem estar preocupados com hospitais, escolas, ônibus, trens e metrôs.
A segurança pública é também tema incontornável ante a violência de algumas centenas de assaltantes, baderneiros e integrantes de brigadas embandeiradas, entre as centenas de milhares de manifestantes pacíficos e ordeiros, numa festa democrática espontânea, sem cabos eleitorais, sem máquinas partidárias, sem carros de som, sem palanques, "como nunca antes na História deste país".
Na moderna sociedade do conhecimento, em plena era da informação instantânea, os próprios políticos desacreditaram a política. Soubemos durante o julgamento do mensalão que, nas relações entre o Executivo e o Congresso, bem como nas alianças partidárias, compra-se, vende-se, aluga-se. A explosão de civismo nas ruas, em que tremulavam bandeiras do Brasil ao som do Hino Nacional, é uma exigência de mudança radical no comportamento de nossa classe política. Decência, ainda que tardia.
Há muito tenho dito que o Congresso nos deve uma reforma política, uma forma decente de conduzir a coisa pública. As evasivas ante as condenações do mensalão e a Proposta de Emenda Constitucional 37, um verdadeiro monumento à impunidade, demonstram ainda, mais do que a falta de sintonia do Congresso com a opinião pública, uma assustadora perda de legitimidade.
Tenho insistido também na descentralização de recursos do governo federal para estados e municípios, tornando os gastos públicos mais sensíveis aos anseios da população. "Transporte público, saúde e educação": o dinheiro tem de ir aonde o povo está. Quem gosta muito de estádios novos são as empreiteiras e o governo federal, enquanto prefeitos e governadores devem estar preocupados com hospitais, escolas, ônibus, trens e metrôs.
A segurança pública é também tema incontornável ante a violência de algumas centenas de assaltantes, baderneiros e integrantes de brigadas embandeiradas, entre as centenas de milhares de manifestantes pacíficos e ordeiros, numa festa democrática espontânea, sem cabos eleitorais, sem máquinas partidárias, sem carros de som, sem palanques, "como nunca antes na História deste país".
Na moderna sociedade do conhecimento, em plena era da informação instantânea, os próprios políticos desacreditaram a política. Soubemos durante o julgamento do mensalão que, nas relações entre o Executivo e o Congresso, bem como nas alianças partidárias, compra-se, vende-se, aluga-se. A explosão de civismo nas ruas, em que tremulavam bandeiras do Brasil ao som do Hino Nacional, é uma exigência de mudança radical no comportamento de nossa classe política. Decência, ainda que tardia.
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