O GLOBO - 12/06
Se as pesquisas mostrando um viés de baixa na popularidade da presidente Dilma causaram alguma mudança no ânimo de muitos dos políticos aliados, foi provocá-los a sair da zona de (des)conforto em que estavam, como se o resultado da eleição de 2014 estivesse já decidido, e procurar alternativas. Para os assessores do Planalto, o viés de baixa trouxe novas dores de cabeça, como o "encarecimento" do apoio no Congresso, a mostrar que nada está decidido e que se quiserem se manter no poder terão que suar a camisa.
O Datafolha bateu muito pesado dentro do governo, e o efeito mais visível é muita gente voltando a falar na saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Haveria a necessidade de sinalizar uma mudança para o mercado e, sobretudo, para a sociedade. Não é um movimento da presidente Dilma, nem mesmo de assessores diretos do Palácio do Planalto, mas cresce na periferia do governo, mais especificamente nos políticos da base aliada.
Essa pesquisa mostra dois problemas gravíssimos para a presidente Dilma, de acordo com análises do próprio governo. A queda de popularidade é resultado do aumento do pessimismo, não é tanto o sentimento do momento, mas a percepção do futuro, o que é mais sério.
O sentimento generalizado na opinião pública seria de crença no aumento da inflação no ano eleitoral (e estão certos pela dificuldade de cortar os gastos públicos), e de que o salário não vai subir e o desemprego corre o risco de aumentar. Como a eleição é influenciada, mais do que pela sensação de momento, pela perspectiva de futuro, o aumento do pessimismo seria um sentimento que precisaria ser combatido.
Por isso, a primeira reação de alguns é sugerir uma guinada na condução da política econômica sinalizando a demissão de Mantega. Mas aí entra uma dificuldade específica da maneira de comandar da presidente Dilma: quem seria o substituto sem luz própria para aceitar suas interferências e, ao mesmo tempo, convencer o mercado e o eleitorado de que tudo mudará?
A especulação sobre o deslocamento do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para a Fazenda, como indicação de ortodoxia, seria trocar seis por meia dúzia, com a dificuldade adicional de que o Banco Central precisaria ser preenchido por alguém que gerasse confiança no mercado.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, atualmente homem de confiança da presidente, seria uma indicação que mais preocuparia do que acalmaria o mercado. Da mesma maneira, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, poderia sinalizar um retrocesso na condução da economia.
Como esse não é o discurso da presidente, mas um discurso para a presidente, se a mensagem chegará a ela é difícil prever. Quem está pensando assim está querendo usar a pesquisa do Datafolha para justificar uma mudança de rumo da economia, mesmo sabendo que o rumo ditado até o momento é da própria presidente Dilma, e não de Mantega.
A única cola que une os diversos partidos aliados da base governista, devido à sua heterogeneidade, é a sensação de inevitabilidade da reeleição de Dilma. Embora os números de popularidade ainda sejam muito bons, quando alguém perde oito pontos em uma pesquisa, essa sensação passa a ser de insegurança, e mesmo de alívio para boa parte dos políticos que, não gostando nem do PT nem da maneira rude de tratar de Dilma, sentiam-se amarrados ao projeto supostamente vencedor.
Agora, já podem olhar para o lado em busca de alternativas, com a sensação de que uma nova situação é possível. Tanto Aécio Neves, do PSDB, quanto Eduardo Campos, do PSB, são políticos que já demonstraram na prática entenderem melhor do que Dilma de que maneira se lida com os seus colegas, mesmo que não necessitem usar métodos escrachados de negociação.
Como decorrência da antecipação da campanha eleitoral, o PSDB ganhou mais tempo para unir suas correntes regionais, e o convite do governador Geraldo Alckmin para que o senador Aécio Neves participe do programa do partido em São Paulo é um sinal inédito de unidade, ainda mais importante depois que a pesquisa Datafolha mostrou a força do governador paulista para a reeleição.
O Datafolha bateu muito pesado dentro do governo, e o efeito mais visível é muita gente voltando a falar na saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Haveria a necessidade de sinalizar uma mudança para o mercado e, sobretudo, para a sociedade. Não é um movimento da presidente Dilma, nem mesmo de assessores diretos do Palácio do Planalto, mas cresce na periferia do governo, mais especificamente nos políticos da base aliada.
Essa pesquisa mostra dois problemas gravíssimos para a presidente Dilma, de acordo com análises do próprio governo. A queda de popularidade é resultado do aumento do pessimismo, não é tanto o sentimento do momento, mas a percepção do futuro, o que é mais sério.
O sentimento generalizado na opinião pública seria de crença no aumento da inflação no ano eleitoral (e estão certos pela dificuldade de cortar os gastos públicos), e de que o salário não vai subir e o desemprego corre o risco de aumentar. Como a eleição é influenciada, mais do que pela sensação de momento, pela perspectiva de futuro, o aumento do pessimismo seria um sentimento que precisaria ser combatido.
Por isso, a primeira reação de alguns é sugerir uma guinada na condução da política econômica sinalizando a demissão de Mantega. Mas aí entra uma dificuldade específica da maneira de comandar da presidente Dilma: quem seria o substituto sem luz própria para aceitar suas interferências e, ao mesmo tempo, convencer o mercado e o eleitorado de que tudo mudará?
A especulação sobre o deslocamento do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para a Fazenda, como indicação de ortodoxia, seria trocar seis por meia dúzia, com a dificuldade adicional de que o Banco Central precisaria ser preenchido por alguém que gerasse confiança no mercado.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, atualmente homem de confiança da presidente, seria uma indicação que mais preocuparia do que acalmaria o mercado. Da mesma maneira, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, poderia sinalizar um retrocesso na condução da economia.
Como esse não é o discurso da presidente, mas um discurso para a presidente, se a mensagem chegará a ela é difícil prever. Quem está pensando assim está querendo usar a pesquisa do Datafolha para justificar uma mudança de rumo da economia, mesmo sabendo que o rumo ditado até o momento é da própria presidente Dilma, e não de Mantega.
A única cola que une os diversos partidos aliados da base governista, devido à sua heterogeneidade, é a sensação de inevitabilidade da reeleição de Dilma. Embora os números de popularidade ainda sejam muito bons, quando alguém perde oito pontos em uma pesquisa, essa sensação passa a ser de insegurança, e mesmo de alívio para boa parte dos políticos que, não gostando nem do PT nem da maneira rude de tratar de Dilma, sentiam-se amarrados ao projeto supostamente vencedor.
Agora, já podem olhar para o lado em busca de alternativas, com a sensação de que uma nova situação é possível. Tanto Aécio Neves, do PSDB, quanto Eduardo Campos, do PSB, são políticos que já demonstraram na prática entenderem melhor do que Dilma de que maneira se lida com os seus colegas, mesmo que não necessitem usar métodos escrachados de negociação.
Como decorrência da antecipação da campanha eleitoral, o PSDB ganhou mais tempo para unir suas correntes regionais, e o convite do governador Geraldo Alckmin para que o senador Aécio Neves participe do programa do partido em São Paulo é um sinal inédito de unidade, ainda mais importante depois que a pesquisa Datafolha mostrou a força do governador paulista para a reeleição.
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