FOLHA DE SP - 29/05
Há, no Brasil, muitos meias-atacantes velozes e dribladores e poucos com muita técnica e lucidez
Por causa de más atuações e da força do Olimpia, em casa, o Fluminense corre grandes riscos de ser eliminado. Já o Atlético-MG, no Independência, é favoritíssimo.
Na primeira partida entre Fluminense e Olimpia, vi, pela primeira vez, na íntegra, o jovem Rhayner jogar. Ele tem sido bastante elogiado. Lembrei-me de Negueba, quando atuava pelo Flamengo, hoje contratado pelo São Paulo. Negueba está contundido. Ney Franco, que era treinador da seleção sub-20, deve ter gostado muito do jogador.
Escrevi, tempos atrás, uma crônica com o título: "País dos Neguebas". Alertava que o Brasil produz, cada vez mais, do meio para a frente, jogadores como Negueba e Rhayner, velozes, dribladores, mas com pouca técnica e lucidez. Ameaçam muito e realizam pouco. Passam e finalizam mal. Parecem melhores do que são. Foi o que vi em Rhayner. Espero que ele e Negueba não sejam somente isso.
Esse tipo de jogador costuma brilhar nas categorias de base. No time profissional, perde a vantagem física e frustra seus admiradores.
Nos últimos tempos, proliferaram, no Brasil, os Neguebas e os Rhayneres, em detrimentos dos Danilos. O jogador do Corinthians tem características opostas. Possui pouca velocidade e mobilidade. Dribla pouco, mas tem muita técnica e lucidez. Passa e finaliza bem. É melhor que parece. Seus inúmeros gols, em jogos decisivos, não são coincidência.
Evidentemente, há jogadores nos estilos de Rhayner e Danilo, com variadas qualidades técnicas. Os craques são os que reúnem, em alto nível, as duas características.
Quem assistiu às partidas entre Borussia e Bayern e entre Flamengo e Santos percebeu que, além das diferenças individuais, os dois times alemães deixavam pouquíssimos espaços entre os setores, e quem estava com a bola era bastante pressionado. A distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado era a metade da do clássico brasileiro.
Já Corinthians e Botafogo mostraram um futebol moderno e eficiente. O Corinthians faz escola. O time, ao vencer vários títulos importantes, com uma estratégia parecida com a das melhores equipes do mundo, mostra que a opinião de que, no Brasil, por causa da tradição e do estilo, não dá para fazer certas coisas é conversa de preguiçoso e de incompetente. Quem não sabe aprende.
A moda é o futebol alemão. Para os "entendidos", o Barcelona e o futebol espanhol já eram. Para recuperar o trono, o Barça não precisa mudar o estilo. Tem de corrigir as várias deficiências. O time possui fracos reservas, em algumas posições, como na zaga, não recupera a bola como fazia, é deficiente nas jogadas aéreas defensivas, nunca usa o cruzamento --uma opção eficiente em alguns momentos--, além de não ter um excepcional atacante, fora Messi. Agora tem.
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