FOLHA DE SP - 17/05
BRASÍLIA - Alguma coisa acontece na Esplanada dos Ministérios. A celebração, comum diante de indicadores econômicos razoáveis, deu lugar à cautela. E quem desfilou com o novo figurino foi ninguém menos do que o ministro Guido Mantega.
O chefe da equipe econômica do governo Dilma Rousseff é conhecido por suas projeções otimistas, mesmo quando faz isso com base em dados não tão bons assim.
No mercado financeiro, isso lhe garantiu o título de "levantador de PIB". O apelido nunca causou incômodo: ao contrário, foi assumido pelo titular da Fazenda.
Mas Mantega foi comedido ao comentar o avanço de 1,05% que a economia brasileira registrou nos três primeiros meses do ano, em comparação ao último trimestre de 2012.
O indicador, calculado pelo Banco Central, não superava a marca de 1% desde o início de 2011. Mas nem isso foi suficiente para animar o otimista de plantão.
Mantega reconheceu que o resultado foi bom, mas disse que era melhor ser "cauteloso" e esperar pelo "verdadeiro PIB", que, será divulgado dentro de duas semanas, exatamente no dia em que o BC define se manterá o aperto nos juros.
A atitude refletiu uma rara sintonia entre governo e analistas.
O tom de cautela estava expresso em boa parte das análises feitas ontem pelo mercado financeiro sobre os dados do BC.
Todos concordam que o desempenho da economia neste ano será melhor do que a mirrada expansão registrada no ano passado.
Mas a recuperação será lenta e errática. Por isso mesmo, abrir o ano com uma taxa de expansão forte não significa que o desempenho será repetido até dezembro.
Essa análise é expressa de forma clara por economistas do setor privado. No governo, a conversa ainda acontece intramuros --o que torna ainda mais surpreendente o tom de Mantega ontem.
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