FOLHA DE SP - 09/05
SÃO PAULO - Eduardo Campos está há sete meses na estrada, desde que acabou a campanha municipal, insinuando-se pelo país como candidato a presidente. Posa de dissidente, com críticas aqui e ali a Dilma, mas não larga o osso, mantendo os apadrinhados do seu partido (PSB) no governo federal.
Sua independência em relação ao governo lembra à de um jovem quarentão que hesita em sair da casa dos pais. Tem vontade de morar sozinho, mas adia a decisão por não querer ficar sem a vitamina de banana que a mamãe faz no café da manhã.
A eventual candidatura de Campos é boa para o país na medida em que pode se tornar uma alternativa à velha polarização entre PT e PSDB (Marina Silva também poderá representar esse papel, mas enfrenta dificuldades para formar seu partido). Seria melhor, no entanto, se não soasse tanto como um projeto oportunista.
Campos está hoje, ao mesmo tempo, na oposição e no governo e já deixou claro que pretende manter essa "dupla personalidade" até abril de 2014, quando deve tomar uma decisão com base, sobretudo, nas pesquisas e nas alianças que terá conseguido articular nos Estados até lá.
Se entender que tem chance de obter um bom desempenho na eleição, Campos deixará a base governista, ampliará os ataques a Dilma e vai para o palanque dizendo que dará o prosseguimento que ela não conseguiu dar à obra de Lula. Caso contrário, recolherá sua artilharia, alegando que fez apenas críticas pontuais e construtivas ao governo, e vai negociar um novo lote no provável quarto mandato do PT.
Dilma, por sua vez, não tirou até agora o PSB do seu governo porque também trabalha com a calculadora política, ainda que isso signifique levar umas bordoadas de vez em quando do governador de Pernambuco. Imagina que, lá na frente, o partido de Campos acabará concluindo que é melhor continuar na casa da mamãe a se arriscar a ficar sem ter onde morar depois da eleição.
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