FOLHA DE SP - 28/03
RIO DE JANEIRO - Mais surpreendente do que o próprio fechamento do Engenhão -menos de seis anos depois de sua inauguração- é o que se anuncia como inevitável. Tudo indica que mais dinheiro público será colocado numa obra que já custou seis vezes a previsão inicial.
O Estádio Olímpico João Havelange, bela obra arquitetônica encravada no bairro de Engenho de Dentro, zona norte, é visível de longe e do alto. Principal legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007, tem uma história de malfeitos, da construção à concessão. A novela é rocambolesca.
O valor inicial era R$ 60 milhões. Custou R$ 380 milhões. A data prevista para a entrega era o final de 2004. Ficou pronto em 2007, só duas semanas antes dos Jogos. Houve três licitações, dois consórcios executantes, várias empreiteiras trabalhando.
Uma delas, a Delta, alegou que não tinha tecnologia para fazer a junção da cobertura. Sobrou para a OAS-Odebrecht. Anos depois, a Delta estaria no centro de escândalo com bicheiros, corrupção e licitações arranjadas. Desde 2007, a prefeitura tem recebido relatórios sobre problemas estruturais. Há cerca de dois anos, Eduardo Paes descartou riscos.
Em 2010, o então diretor do BNDES Elvio Gaspar disse: "Queremos evitar que os estádios se transformem em um estorvo para as cidades. Não podemos repetir o Engenhão".
Estorvo é o que os torcedores enfrentam no entorno do estádio sem infraestrutura alguma. Tragédia é o que pode ter sido evitado com a interdição. Mas escândalo é o termo mais adequado para o que virá.
A prefeitura ainda não sabe se "houve problemas de projeto ou de execução". Só depois será decidido "quem vai pagar a conta". Alguém desconfia? Algum agente público ou empresário vencedor de licitação de milhões de reais será responsabilizado? Quem vai ressarcir os cofres públicos? Respostas mais soltas do que a cobertura do Engenhão.
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