FOLHA DE SP - 28/03
SÃO PAULO - O PSDB corre muitos riscos em 2014. Perder a eleição presidencial é o de menos, dado o largo favoritismo de Dilma. O perigo maior é o de definhar, tornar-se um partido anoréxico, de baixa relevância. Algo como um novo DEM.
Três fatores empurram o partido criado em 1988 por Montoro, Covas e tantos outros por essa trilha. O primeiro é a falta de discurso. Desde que Serra escondeu o governo FHC na campanha de 2002, temendo perder para Lula (e perdeu mesmo assim), nunca mais o PSDB soube muito bem o que dizer para o eleitorado. Espalha críticas, mas pouco propõe.
A tal ponto que o próprio FHC, em evento dos tucanos na última segunda-feira, reconheceu que o PSDB precisa tomar um "banho de povo" se quiser ter chance em 2014. Banho de povo 25 anos depois? Em que gaveta foi parar aquele manifesto de fundação no qual o PSDB prometeu ficar "longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas"?
O segundo problema do partido é a incrível falta de sintonia dos seus principais nomes, que vivem às turras como garotinhos que disputam para ver quem olhará primeiro o Palácio do Planalto pelo binóculo. Serra briga com Aécio, que desconfia de Alckmin, que reclama de FHC.
Enquanto Dilma já foi lançada à reeleição pelo PT, o mineiro tem dificuldade até para ser escolhido como novo presidente da legenda. Imagine o que ele ainda vai ter de passar para conseguir colocar seu nome na urna eletrônica de 2014.
Para completar, há uma grande diferença em relação às disputas passadas. Pela primeira vez existe alguém tentando ocupar o espaço do PSDB no jogo político, ainda que isso não seja uma tarefa simples. Trata-se de Eduardo Campos (PSB), que, além de despertar simpatia na elite econômica, tem avançado nas conversas com partidos que tradicionalmente se alinham com os tucanos. Se sua candidatura prosperar, o PSDB corre o risco de ficar longe do segundo turno e minguar no Congresso.
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