FOLHA DE SP - 21/03
SÃO PAULO - Parece mais fácil escolher um novo papa do que um candidato a presidente da República no PSDB. O papa Francisco apresentou-se ao mundo após apenas dois dias de conclave e cinco votações. O senador mineiro Aécio Neves foi lançado há um mês pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ainda não conseguiu unir o partido em torno do seu nome.
O principal problema de Aécio é a resistência que encontra entre os tucanos paulistas. O ex-governador José Serra o detesta. Duas vezes candidato a presidente e duas vezes derrotado, dissemina dúvidas sobre a viabilidade da candidatura de Aécio e faz o que pode para atrapalhá-lo.
O governador Geraldo Alckmin, que disputou a Presidência em 2006 e também perdeu, agora está mais preocupado com sua campanha à reeleição. Mas ele sonha com uma nova candidatura presidencial no futuro e passou a ver Aécio como um competidor indesejável dentro do partido de uns tempos para cá.
Pouco conhecido fora de Minas Gerais, Aécio precisará de ajuda em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Mas tudo que conseguiu até agora foi a promessa de que ganhará uma carona para ir a um congresso partidário na próxima semana e terá Alckmin a seu lado nas fotografias.
Pouca gente duvida de que Aécio aparecerá na sacada depois que sair fumaça branca do conclave tucano. O que mais preocupa o partido é o tempo perdido. Enquanto Aécio se reúne com Serra e Alckmin para discutir suas picuinhas, o governador Eduardo Campos (PSB) desfila pelos salões fazendo amigos no meio empresarial e até dentro do PSDB.
O mais difícil talvez ainda esteja por vir. Aécio desperdiçou os últimos dois anos fazendo discursos banais no Senado. Quando acabar o nhe-nhe-nhem e assumir sua candidatura, Aécio precisará de uma conversa que faça o eleitorado voltar a prestar atenção na oposição. O perigo para o PSDB é ele só começar a pensar nisso quando for tarde demais.
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