quinta-feira, março 14, 2013

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 14/03

Indústria não pode ser tratada com 'aspirina', diz executivo

"Estamos na UTI e ele [o governo] está dando aspirina. As medidas são muito simples, têm boa intenção, podem até reduzir a febre de 40 para 39 graus. Mas não vão resolver o problema, pois têm um impacto pequeno diante da realidade que temos hoje na indústria nacional".

O desabafo é de Sérgio Leme, presidente da Dedini, a maior fabricante de equipamentos para a indústria da cana do país. Ele considera que decisões do governo provocaram o desempenho pífio do PIB e afetaram negativamente o setor industrial.

"O governo não conseguiu colocar suas boas intenções de modo prático. Baixou os juros, mas não tomou medidas adjacentes. Agora se fala em voltar a aumentar as taxas. O governo está indeciso nos seus caminhos", afirma.

Leme, 52, está há dez anos na Dedini. Viu o faturamento de R$ 400 milhões em 2004 saltar para R$ 2,2 bilhões em 2008. No ano passado, ele foi de R$ 600 milhões. "Voltamos ao patamar de 2005", resume.

Com 45% de ociosidade (taxa que chegou a ser de 5%), a redução no número de trabalhadores também foi significativa. "Em 2007, eram 6.500 funcionários; hoje são 3.200."

DESINDUSTRIALIZAÇÃO
Empresa 100% nacional com mais de 90 anos, a Dedini observou a desnacionalização do setor de cana nos últimos anos. As aquisições estrangeiras não resultaram, até agora, em investimentos.

"Nos últimos quatro anos, grandes grupos chegaram e aproveitaram oportunidades. Pegaram um setor endividado e compraram ativos. Existem no Estado de São Paulo pelo menos umas 30 usinas que ainda estão à venda."

Engenheiro de produção, ele acha que provavelmente os resultados estão sendo enviados para fora ou podem ser usados ainda em aquisições. Torce para que, passada essa fase, os investimentos sejam retomados.

Mas para isso, argumenta, os investidores "querem saber o que o governo quer fazer. Se o governo continuar a segurar o preço da gasolina, o etanol tem pouca chance, pois está atrelado à gasolina".

Nesse cenário, a empresa descarta aumentar investimentos neste ano.

Mas e os apelos da presidente para investimentos? Governo e empresariado estão numa queda de braço para ver quem consegue mais vantagens? "Um pouco sim", diz, acrescentando: "O governo finge que ajuda e os empresários fingem que acreditam".

Leme defende a volta de investimentos pelo governo, uma política industrial e uma reforma tributária. "Os impostos são um peso enorme. O que se paga de imposto na matéria prima é um absurdo".

Investimento substantivo longe
"Empresário é louco para investir", mas investimento substantivo só vai acontecer em 2014. O diagnóstico é de Pedro Passos, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial e sócio-fundador da Natura.

Passos avalia que ainda hoje "o ambiente é ruim, não tem crescimento". Considera que houve erros no processo de condução da economia envolvendo governo e empresários.

"Há uma falta de confiança, talvez de parte a parte."

Para ele, não é correto transferir para o exterior a explicação para os resultados da economia. "O cenário externo não deve ser justificativa para as nossas mazelas internas."

Na sua análise, o país tem que trilhar um novo modelo de desenvolvimento, no qual o consumo deixe de ser o motor da economia. "Fomos muito pobres em investimentos nos últimos anos. Não aproveitamos uma boa fase para melhorar o nível de oferta."

Passos constata que o investimento público, fundamental para puxar a produção, tem tido dificuldade em decolar. Além disso, o país deixou de se integrar às cadeias produtivas globais.

"O Brasil não é mais lugar de produção, é de consumo. Todos querem produzir para vender aqui". A enxurrada de importados afetou a indústria. "Fragilizamos nossas cadeias, e, hoje, a maior parte dos produtos têm componentes importados na sua produção."

Para baixar o custo Brasil, Passos advoga a desoneração da base das cadeias produtivas. O que atingiria produtos como cimento, aço, energia, químicos. Com preços compatíveis com parâmetros internacionais, ele acredita que se criaria competitividade.

MALA DE LUXO
A TravelWeek, feira de turismo de luxo que ocorre em São Paulo, também será realizada no Rio de Janeiro neste ano.

"Percebemos uma demanda de fornecedores, que vêm até três vezes por ano ao país, para se relacionar com agências. Aí surgiu a ideia de fazer no Rio", diz Carolina Perez, organizadora do evento.

Na capital paulista, a feira ocorre na Bienal no próximo mês e reunirá 580 fornecedores de todo o mundo com 380 agências de viagens.

Representantes de marcas como Bulgari Hotels, Armani Hotels e Galeries Lafaytte devem participar.

No Rio, a feira terá proporções menores: 40 empresas devem enviar seus fornecedores ao Copacabana Palace, onde os encontros serão realizados.

NOS MARES
A MSC Cruzeiros investiu € 550 milhões (cerca de R$ 1,4bilhão) no MSC Preziosa, novo navio da companhia italiana que deve ser inaugurado no próximo dia 23, em Gênova. A nau está sendo construída na França.

No Brasil, a embarcação deve chegar em novembro deste ano para a temporada 2013/2014. As opções de viagens serão o Nordeste e também a costa de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O MSC Preziosa inicia seus trajetos no Mar Mediterrâneo a partir do final do mês de março. A embarcação conta com 27 mil metros quadrados de áreas comuns e um total de 140 mil toneladas. A capacidade é para 4.345 hóspedes.

Esta é a 12º unidade da armadora e integra a classe de navios luxuosos da empresa.

Antes da inauguração oficial, o cruzeiro fará uma viagem de oito noites, partindo de Saint-Nazaire (França) e visitando cidades de Portugal, Espanha, Marrocos e Itália. A atriz Sophia Loren deve participar da cerimônia de inauguração do navio.

Parceria... O Núcleo Softex Campinas, associação das empresas de software, deve firmar, hoje, um protocolo de intenções com a Prefeitura do município.

...em Campinas O objetivo é criar uma aceleradora de empresas de tecnologia na cidade, que deve selecionar dez start-ups para o processo.

Franquia... A Credfácil, franquia do setor de crédito, vai inaugurar 13 novas lojas até o fim deste mês. No total, a marca deve abrir 20 lojas até julho de 2013.

...de crédito O faturamento da empresa foi de R$ 25 milhões em 2012 e deve crescer 30% neste ano. A Credfácil tem 72 unidades em 12 Estados.

Aporte público O governo do Estado de São Paulo anuncia hoje um linha de crédito de R$ 200 milhões, com juros zero, para financiar os municípios paulistas em planos e obras de acessibilidade.

Endereços... Em quatro meses de operação, a Câmara de Disputas Relativas a Nomes de Domínio (CASD-ND), da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual, teve oito disputas cadastradas envolvendo mais de 20 nomes de domínio no ambiente ".br".

...em disputa O crescimento das ocorrências na câmara ocorre devido ao aumento dos registros de nomes na internet que, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, já ultrapassavam a marca dos 3 milhões em janeiro deste ano.

Mercado... Em operação no mercado livre há 18 meses, a Desa (Dobrevê Energia S/A) fechou 10 MW de energia em contratos. A carteira de clientes é formada por 15 consumidores finais, a maioria representantes dos setores da indústria e de serviços.

...de energia A energia comercializada foi produzida pelas usinas que a geradora mantém em operação. Ela corresponde à produção integral da PCH Novo Horizonte (PR) e à cerca de 50% da produção de Ludesa (SC).

Estudo A FGV e o Ipea anunciam hoje, durante um seminário na BM&FBovespa, uma pesquisa que avaliará o impacto da indústria de private equity e venture capital na inovação tecnológica.

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