A Guerra Fria terminou em 1991, mas a Coreia do Norte parece não se ter dado conta do fato. O país conserva um anacrônico regime comunista, insiste em se manter como um dos mais fechados do mundo e, com frequência inquietante, procura reeditar a tensão militar típica do século passado.
Pyongyang, é claro, não tem o poderio de Washington ou Moscou. Mas seu arsenal conhecido -e sobretudo as dúvidas sobre armas nucleares- é capaz de deixar as potências em estado de alerta, sem que saibam, como acontece agora, se a Coreia do Norte pretende passar das ameaças aos ataques.
Kim Jong-il, ditador morto em 2011, aproveitou o clima de insegurança. Provocações bélicas, fortalecidas em 2007 por testes com uma bomba atômica, foram usadas como chantagens: em troca da suspensão da atividade marcial ou do programa nuclear, arrancava vantagens do Ocidente.
A atual escalada de hostilidades repete o roteiro. Mesmo a ruptura do cessar-fogo com a Coreia do Sul, firmado em 1953, e a interrupção da comunicação exclusiva entre os dois países já ocorreram antes.
A situação, porém, tem duas novidades que ampliam a já considerável incerteza. Este é o primeiro impasse com a Coreia do Norte comandada por Kim Jong-un. Ninguém sabe até onde o jovem ditador se sente forte para ir.
Além disso, a China, maior aliada de Pyongyang, acaba de escolher sua nova direção. É difícil prever como Pequim se comportará diante da tática norte-coreana, que pode levar a Coreia do Sul e o Japão para uma corrida armamentista.
O recente apoio chinês a sanções agravadas pela ONU (por causa de testes nucleares no mês passado) sugere mudança de posição. Mas nem isso é uma certeza, pois Pequim parece mais inclinada a manter a Coreia do Norte ao seu lado para conter a influência dos EUA.
Embora o regime norte-coreano tenha se declarado pronto para a guerra, a resposta mais prudente ainda é ceder e negociar a interrupção do programa nuclear.
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