GAZETA DO POVO - PR - 19/03
Ícone brasileira, respeitada internacionalmente por sua liderança em pesquisa e produção de petróleo em águas profundas, a Petrobras vê seu conceito despencar pelo insaciável fisiologismo predador do PT e companhia. Desde o início do governo Lula, ela tem sido vítima de degradação gerencial num crescendo incessante.
A fantasiosa afirmação de Lula, que proclamou, com suas mãos lambuzadas de óleo, a nossa autossuficiência em petróleo é desmentida pela triste realidade. A produção caiu 2,3% em 2012; a importação de gasolina elevou-se 11,9%; a do diesel, 7%. Mas a de álcool despencou 9,6%! Vários fantasmas assoberbam a empresa.
Os preços manipulados dos combustíveis falseiam a inflação crescente. Essa irrealidade vitima a Petrobras há anos, numa defasagem em torno de 15%. Importa-se a preço superior ao que se vende internamente, gerando elevado prejuízo financeiro, consistentemente estratosférico. O crescimento vertiginoso da frota de veículos, estimulado por favores fiscais às montadoras e consumidores, potencializa o consumo, desestimulando a produção de álcool.
Na Refinaria Abreu Lima, então orçada em US$ 2,5 bilhões e com término previsto para 2012, Lula propôs ao venezuelano Hugo Chávez um acordo com capital dividido em 60% e 40% entre Petrobras e PDVSA. Chávez, porém, jamais contribuiu com um centavo sequer. Os atrasos consequentes elevaram seu custo, atualizado em 2012 para US$ 20 bilhões com conclusão estimada em 2015. Enquanto a Petrobras banca sozinha o custo total, a Venezuela alega dificuldades financeiras, chantageando-nos intencionalmente. O Brasil – submisso, dócil e resignado – não cobra o acordado, apesar das prorrogações sucessivas. Um repeteco da Petrobras na Bolívia.
Quando ao pré-sal, o marco regulatório criado pela Lei 12.351/2010, aprovada com foguetório pelo governo, acabou sendo o sarcófago de suas quiméricas ilusões intervencionistas. A Petrobras jamais terá condições de arcar com o mínimo de 30% em todos os empreendimentos. O irrealismo e a incompetência prevaleceram. A única solução será sua profunda reformulação a fim de atrair investidores qualificados.
A Refinaria Pasadena, no Texas, adquirida pela belga Astra/Transcor em 2005 por US$ 42,5 milhões, acabou vendida à Petrobras no ano seguinte por US$ 1,18 bilhão – 26 vezes mais, em pouco mais de um ano. À época, Alberto Feilhaber, ex-executivo da Petrobras, trabalhava para a vendedora em ano de eleições no Brasil (dupla coincidência!). Uma operação recheada de ingredientes suspeitos. Prejuízo bilionário instantâneo difícil de ser assimilado. Naquele ano, a hoje presidente da República, Dilma Rousseff, presidia o Conselho de Administração da Petrobras.
O Ministério Público Federal tem de encaminhar ao Tribunal de Contas da União representação contra essa aquisição. Os desdobramentos desse julgamento podem envolver consequências além da imaginação, mormente sob os ares espargidos pelo julgamento do mensalão.
A Petrobras, carente de recursos, amarga prejuízos com o subsídio ao consumo de combustíveis; perde outros bilhões com a explosão do custo da Refinaria Abreu Lima. E, como se não bastasse, a inexplicável aquisição da Refinaria Pasadena. É inadmissível o país estar há mais de quatro anos sem licitações no pré-sal, desprezando o apetite internacional das petrolíferas por áreas gigantes.
Nada disso ocorreria se a Petrobras não fosse estatal.
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