sábado, janeiro 12, 2013

É hora de rasgar a fantasia - JORGE BASTOS MORENO - Nhenhenhém


O GLOBO - 12/01


O racista e homofóbico Eduardo Cunha é candidato à liderança do PMDB na Câmara, contra as vontades da Dilma, do Temer, da maioria do PMDB e de outras pessoas de bem que integram o Congresso e a política brasileira.

O chamado mundo político está, por isso, e por assim dizer, decepcionado com Cabral e Paes, os dois únicos defensores confessos da candidatura Cunha.

É a repetição do poema "Anedota búlgara", de Drummond, sempre recorrente aqui neste espaço e que merece, mais uma vez, ser repetido:

"Era uma vez um czar naturalista/ que caçava homens./ Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,/ ficou muito espantado/ e achou uma barbaridade".

É que toda essa gente de bem apoia as candidaturas às presidências da Câmara e do Senado de Henrique Alves, ex-candidato a vice de Serra, e de Renan Calheiros, ex-presidente da Casa. Ambos renunciaram por improbidade.

O óbvio
Cabral já sabe que aquele governador indiscreto botou em viva-voz seu telefonema pedindo votos para Cunha.

Por isso, esperto, como sempre, não desmentiu o vazamento da conversa. Respondeu-me com aquele que deveria ser o seu comportamento mais adequado, mas que não foi:

- A escolha de líder é assunto da bancada.

Guardanapo
Na sua suprema vaidade, Cunha nunca escondeu de ninguém sua forte ligação com o Cavendish, da Delta.

E o prefeito, temendo associações, arrependeu-se de ter confirmado apoio e tentou driblar a esperteza, quando solicitado a reconfirmar declaração anterior:

- Nada a declarar.

Recorrendo ao infeliz chavão de um serviçal da ditadura, Paes acha que se protege do sol, sem ter que botar um guardanapo de pano na cabeça. Ledo engano.

Fofoqueiro, eu?
Por quem me tomas, ó Thomaz... Bastos?!

Está muito enganado o ex-ministro da Justiça.

Não será para ele que eu vou confirmar o jantar secreto havido esta semana entre o seu atual sucessor, José Eduardo Cardozo, e o Joaquim Barbosa!

Só se eu fosse louco! Bastos correria ao Zé Dirceu para contar.

Pior se eu dissesse quem serviu de cupido nesse jantar.

Não adianta nem especular que foi o presidente do STJ, Felix Fischer, que eu não vou confirmar.

Odeio fofocas
Se eu fosse fofoqueiro, eu contava ao Pezão e ao Henrique Alves tudo o que Eduardo Cunha vem falando deles.

Do Henrique, até que acredito, pois, afinal, ele sempre foi apadrinhado do Cunha. Então, é natural que este o chame de "ingrato", "mal-agradecido" e "pidão".

Apelação
Mas, falar do Pezão com base no que supostamente Lindbergh teria ouvido do Lula, eu acho forçação de barra demais. Lula adora Pezão.

Prova
Para desfazer fortes rumores de desavenças no lar, Lula tem ligado a todos os políticos amigos na presença da Dona Marisa.

Além de destacar isso, na maioria das vezes, Lula tem passado a ligação para que a ex-primeira dama dê sempre uma palavrinha carinhosa com o interlocutor.

Nem tanto
Só que, na política, o que vale sempre é a versão, não o fato.

Depois de receber todas as provas de que está tudo bem entre o casal, ainda tem neguinho que desliga o telefone teimando:

- A voz dela estava boa. Por isso, não acreditei.

Agenda
Zé Dirceu descansou quatro dias, na última semana, em Ilhabela, a convite de Fernando Morais e Samuel MacDowell.

Morais aproveitou para gravar mais depoimentos do Zé para o livro que escreve sobre ele.

Na segunda, foi a vez de o maestro João Carlos Martins convidar amigos, entre eles, o médico Raul Cutait e o técnico de vôlei José Roberto Guimarães, para um jantar em torno de Zé Dirceu.

Na quarta, Zé, em tête-à-tête com Sarney, falou, também em jantar, sobre o julgamento do mensalão.

Dias fecundos
Base se queixa: a Dilma, esta semana, só conversou com empresário. Não recebeu político algum.

Logo, a semana foi produtiva para o país.

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