FOLHA DE SP - 06/01
Apenas azar e desastres devem impedir que investimento e economia cresçam bem mais em 2013
OS FATOS econômicos mais notáveis do primeiro biênio da economia sob Dilma Rousseff foram a queda do investimento privado, o recuo dos gastos do governo "em obras", a baixa histórica da taxa básica de juros e o estranho caso do baixo desemprego em tempos de Pibinho.
As causas do baixo investimento privado e, mais ainda, do baixo desemprego ainda são motivo de controvérsia entre os economistas.
O investimento do governo caiu entre a posse de Dilma até a metade de 2012 porque a presidente quis rever prioridades e métodos; devido aos escândalos ministeriais de 2011, que desarranjaram ainda mais a já inepta e lerda burocracia federal.
O juro caiu devido a um caso, digamos, de "a ocasião faz o ladrão".
A lerdeza da economia mundial contribuiu para conter preços no mundo e até no Brasil; sobra dinheiro barato no mundo (as taxas de juros no mundo rico estão abaixo de zero). Dada a oportunidade, o governo tolerou uma inflação algo mais alta e controlou preços de modo heterodoxo, o que permitiu empurrar os juros ladeira abaixo.
A baixa do custo de investir (juros menores), a redução de alguns outros custos (impostos, talvez energia) e um ano e pouco de baixa de estoques (produtos encalhados) em tese induziriam o empresário a investir mais.
Juros baixos reduzem a despesa do governo com sua dívida. Em tese, sobra mais dinheiro para o governo investir mais, o que pareceu ocorrer no trimestre final do ano passado. Porém, o gasto do governo em obras é miúdo (um vigésimo do investimento privado, se excluídas as despesas públicas com o Minha Casa, Minha Vida) e ainda está abaixo da despesa de 2010.
Ainda assim, parou de piorar. Devem vir os investimentos devidos às privatizações de serviços públicos (aeroporto, porto, ferrovia), que, porém, vão apenas começar em 2013.
O que pode atrapalhar? Os motivos que inibiram produção e investimento em 2011-2012 ainda estão presentes?
Os estoques caíram. Mas há capacidade ociosa nas fábricas.
Alguns custos caíram ou devem cair (tributo, eletricidade), mas outros sobem rápido (salário, preço de matérias-primas e máquinas importadas, pois o dólar está mais caro).
Gatos escaldados têm medo até de água fria; depois de dois Pibinhos seguidos, empresários querem ver para crer, querem ver crescimento antes de tocar investimento novo.
Há, de resto, os amuos com as intervenções do governo nos mercados; a mediocridade da economia mundial.
Ainda assim, o saldo deve ser positivo, ainda que pequeno. Difícil não crescermos bem mais em 2013.
Isto posto, estamos tratando de acomodações ao novo contexto econômico mundial (juro baixo) e de uns curativos melhores, mas ainda curativos, na arrebentada estrutura de custos das empresas brasileiras. Não há novidades de peso.
Sim, juros baixos por um período considerável de tempo devem produzir mudanças que nem sabemos de onde virão. Mas não se vê mudança maior no modo de fazer as coisas no país: desmonte da burocracia, estímulo ao surgimento de novas empresas e setores econômicos, estímulo aos nossos poucos setores de ponto (energia, petróleo, biocombustíveis). É história para outra coluna.
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