REVISTA VEJA
Em sua edição de 18 de abril passado, VEJA revelou que os radicais do PT planejavam lançar uma cortina de fumaça sobre o iminente julgamento do maior escândalo de corrupção da história do país, o mensalão. A Carta ao Leitor daquela edição dizia que, "com a aproximação do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o PT lançou uma ofensiva desesperada contra a imprensa e a oposição", que o partido julga responsáveis pelas proporções tomadas pelo escândalo que manchou o primeiro mandato do presidente Lula. A ofensiva se materializaria pouco depois com a CPI do Cachoeira, instalada oficialmente para apurar os negócios ilegais de um contraventor de Goiás. Mal a CPI foi instalada, porém, Rui Falcão, presidente do PT, anunciaria que o real objetivo de seu partido na comissão era "apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão". Por total inconsistência, fracassou o plano de confundir a opinião pública com a tese delirante de que o mensalão fora uma farsa fabricada pela imprensa e pela oposição e encampada pelo Ministério Público e por alguns juízes do STF. Os mensaleiros foram condenados a penas variadas de prisão, e a CPI nada encontrou que pudesse dar sustentação ao projeto de confundir o escândalo do mensalão com as atividades de Carlos Cachoeira.
O plano B dos radicais foi posto em ação, revela uma reportagem desta edição de VEJA. Ele consistiu em instrumentalizar o deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, relator da CPI do Cachoeira, pressionado a ponto de, contra suas convicções, produzir um relatório com acusações graves e falsas a Roberto Gurgel, procurador- geral da República, e a Policarpo Junior, diretor da sucursal de Brasília e um dos redatores-chefes de VEJA. Gurgel disse que a intenção foi "retaliar", indo ao ponto central da motivação original dos radicais ligados aos mensaleiros. Foi Gurgel quem acolheu as acusações contra os mensaleiros e os transformou em réus junto ao STF. Policarpo foi alvejado por ter sido um dos mais atuantes jornalistas na obtenção de provas do envolvimento dos petistas com os crimes do mensalão. Foi enorme a reação na imprensa e no Congresso ao relatório manipulado pelos radicais - afinal, a CPI é uma instância do estado brasileiro, e não um instrumento de vingança a serviço de uma ala ligada a réus de um partido político pego em delito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário