FOLHA DE SP - 12/11
RIO DE JANEIRO - Ipanema e Leblon, dois dos bairros mais turísticos e concorridos do Rio, começam a sofrer com as obras da Linha 4 do metrô, que ligará a zona sul à Barra. Pelos próximos dois anos, o carioca estará sujeito a tapumes, canteiros de obra, mãos invertidas, ruas fechadas, pistas interrompidas, estacionamento proibido, calçadas ocupadas e maus negócios para o comércio.
Praças que já tiveram o seu quinhão de reformas e há anos se firmaram como suaves refúgios para crianças e idosos, como a Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e a Antero de Quental, no Leblon, estão com parte de seu território interditado. Torce-se para que seu prejuízo em árvores e canteiros seja mínimo -resultado de uma campanha popular desenvolvida desde o ano passado pela sua proteção.
O metrô é a melhor forma de prevenir que as metrópoles fiquem impraticáveis, e é por saber disso que seus habitantes, como os do Rio, aceitam se sacrificar por ele. O duro é que, justo na nossa vez, tenhamos de pagar por quase cem anos de imprevidência administrativa.
Cidades como Paris, Nova York, Tóquio e Moscou acordaram cedo para o problema e fizeram seus metrôs entre 1900 e 1930, quando as ruas eram quase vazias, sem tantos carros, ônibus e edifícios sob os quais escavar. Pode-se argumentar que, então, o Brasil nem sonhava com uma indústria que justificasse tal providência. Mas, pela progressão da ocupação pelos carros naquele período, não era difícil prever que, mesmo entre nós, cada ano a mais seria um obstáculo para o metrô.
O carioca só espera que a Linha 4, depois de pronta, lhe devolva praças e ruas discretas, harmônicas e confortáveis, sem estações descomunais e grotescas (como aquela, em forma de "croissant", da praça General Osório) ou poços de ventilação gigantes, como o que desfigurou a Cinelândia.
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