O GLOBO - 13/11
A crise na Europa anda em círculos. Quando a ameaça não está na Espanha, Itália, Irlanda ou em Portugal, volta para a primeira casa, a Grécia. Os gregos têm uma dívida de 5 bilhões vencendo esta semana e ainda não sabem como pagá-la. Os europeus têm afastado o risco de ruptura no bloco, mas o quadro ainda vai piorar antes de melhorar.
A consultoria Ernst & Young estima que o desemprego na zona do euro vai subir até o primeiro trimestre de 2014. Passará de 12%, com taxas maiores em alguns países: 16% em Portugal; 26% na Espanha; e 27% na Grécia. A recessão este ano será de 0,5% para uma recuperação mínima no ano que vem, de 0,1%.
A população grega já está no limite, e o Orçamento de 2013, já aprovado, sofreu novos cortes pelo Parlamento, principalmente nas áreas da saúde e educação. Depois de cinco anos de recessão, o PIB de 2013 cairá mais 4%. O governo não tem dinheiro em caixa para pagar uma parcela de 5 bilhões da dívida que vence na sexta-feira. Há novamente risco de calote, e isso quer dizer que a renegociação da dívida feita em março não foi suficiente. Na verdade, a Europa já calcula quanto custará dar à Grécia mais dois anos de prazo para atingir a meta de redução do déficit público. A troika - Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu - disse que serão mais 32 bilhões.
A estratégia elaborada pelos países ricos continua sendo ganhar tempo, afastando o risco de saída de um dos membros do bloco. O problema é que a indefinição da crise tem afetado investimentos e isso vai comprometer o crescimento da região no futuro. A Ernst & Young acredita que em 2016 as companhias europeias ainda estarão investindo menos do que quando a crise começou.
Na semana passada, o Ministério da Economia alemão disse que é alta a chance de desaceleração do país, por causa da crise nos vizinhos. As previsões para a Europa são ruins, mas ficarão piores se o principal motor do bloco perder a tração.
Novos termômetros do emprego
O mercado de trabalho no país está tão aquecido que o Ibre/FGV lança hoje mais dois termômetros para medir o ritmo das contratações. As primeiras estatísticas indicam que o nível de emprego continua forte, apesar do esfriamento da economia este ano. Os índices sugerem que a taxa de desemprego de outubro - que só será divulgada pelo IBGE na semana que vem - ficará estável em relação a setembro, quando deu 5,4%. Os índices vão tentar antecipar em até três meses a tendência do mercado.
"Nem nem" no Rio I
A baixa taxa de desemprego significa para as empresas menos mão de obra disponível. Por outro lado, chama a atenção o número de jovens entre 18 e 25 anos que nem estudam nem trabalham. Também não procuram empregos. São os chamados "nem nem". Pelas contas do professor Adalberto Cardoso, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj, somente no estado do Rio há mais de 400 mil jovens nessa situação. Para se ter uma ideia, o número é um pouco menor do que a população de Niterói.
"Nem nem" no Rio II
Um em cada cinco jovens de 18 a 25 anos no estado do Rio não estuda nem trabalha. O professor Adalberto Cardoso diz que o problema atinge mais as mulheres, que deixam o mercado e os estudos para se casar ou ter filhos: a relação de "nem nem" entre elas é de 25%; entre os homens, de 14%. A situação é ainda mais crítica entre os de menor renda. Entre os 10% mais pobres, há mais de 60% de jovens longe da escola e do trabalho.
PREVISÃO MINISTERIAL. Guido Mantega disse que o país pode crescer mais de 4% em 2013. Nos últimos dois anos, as previsões dele não se confirmaram.
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