O GLOBO - 04/06
O agravamento da crise europeia é a bola da vez. A armadilha social-democrata de baixo crescimento, com regimes previdenciários irrealistas e legislações trabalhistas anacrônicas, tornou inflexíveis os mercados de trabalho. Produzida por décadas de práticas políticas obsoletas da social-democracia europeia, a euroesclerose estilhaçou o maior mercado potencial do planeta em imensos bolsões "nacionais" de desemprego. A balcanização econômica da Europa e a insatisfação de eleitorados nacionais com a estagnação da produção e do emprego tornaram-se explícitas com a emergência do euro ao status de moeda forte.
Essa armadilha de baixo crescimento é o resultado da falta de sintonia de classes políticas nacionais com os requisitos de uma nova ordem global. Aprisionou a economia europeia, condenando-a ao crescimento medíocre e à incapacidade de gerar empregos. Crítico contumaz da globalização, que considera uma singularidade histórica anglo-saxã de consequências desastrosas para o resto do mundo, o filósofo e cientista político britânico John Gray julga irreconciliáveis as contradições entre as práticas políticas social-democratas e as práticas econômicas de livres mercados globais.
A desaceleração econômica brasileira não é apenas uma sincronização com a crise global, como efeito do buraco negro europeu. "O requisito básico para escapar do baixo desempenho econômico é o claro entendimento de que se origina de instituições deficientes, que por sua vez resultam de crenças e percepções inadequadas diante de uma nova realidade. A estrutura institucional existente é um poderoso obstáculo às necessárias mudanças, pois reage em defesa de interesses adquiridos", adverte o Prêmio Nobel de Economia Douglass North, em "Compreendendo o processo das mudanças econômicas" (2005).
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