REVISTA VEJA
Mais uma vez, na semana passada, VEJA entregou aos seus leitores uma reportagem de enorme repercussão na vida política brasileira. Os jornalistas Rodrigo Rangel e Otávio Cabral revelaram um encontro ocorrido em 26 de abril em que o ex-presidente Lula e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), travaram um diálogo que teria sido melhor para o Brasil e suas instituições que nunca tivesse ocorrido. Mas ocorreu. E, como se sabe, os fatos são teimosos e cedo ou tarde emergem com toda a força de sua depuradora crueza.
O encontro entre Lula e Gilmar se deu no escritório de Nelson Jobim, ex-presidente do STF e ex-ministro da Justiça, em Brasília. Amigo de ambos, Jobim tentou desvencilhar-se do episódio, mas acabou confirmando a reunião e tergiversando sobre o teor do diálogo. Foi graças à coragem e franqueza do ministro Gilmar Mendes que VEJA conseguiu reconstituir a parte mais importante da conversa. Lula disse a Gilmar que achava "inconveniente julgar o processo do mensalão" neste ano, o que foi ampla e corretamente interpretado como ingerência indevida do maior representante do partido do governo no funcionamento de um poder independente, o Judiciário. Lula e o PT têm interesse no adiamento do julgamento do mensalão para evitar que a eventual condenação dos réus petistas influa negativamente no desempenho da legenda nas eleições municipais de outubro próximo. Em entrevista ao site Consultor Jurídico, o ministro Celso de Mello, decano do STF, foi direto ao coração do problema: "Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que um chefe de poder tenta interferir em outro".
VEJA mais uma vez cumpriu o papel que se espera da imprensa livre, responsável e independente, um papel que até Lula, nos seus momentos de lucidez na Presidência, costumava reconhecer, repetindo a frase "notícia é aquilo que a gente não quer que seja publicado. O resto é propaganda".
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