FOLHA DE SP - 11/04/12
Num estudo de 2005, o biodemógrafo Stuart Olshansky prognosticou que as doenças associadas ao sobrepeso poderão fazer com que, contrariando uma tendência de 200 anos, o aumento da longevidade seja revertido. Daqui até 2050, os bebês norte-americanos poderão ter uma expectativa de vida menor que a de seus pais.
E, a menos que uma droga milagrosa venha a ser descoberta, é pouco provável que as políticas públicas costumeiras tragam grandes resultados. O primeiro alerta geral antiobesidade dos EUA foi lançado em 2001. Dez anos depois, a prevalência havia aumentado quase dez pontos percentuais, assim como o número de refeições feitas em fast foods, que subiu 50%. Só o que caiu foi o total de pessoas que tentam alguma dieta.
A culpa é de Darwin, com uma ajudinha da tecnologia. Nossos corpos e cérebros foram moldados para sobreviver nas savanas africanas num tempo em que a próxima refeição era uma incerteza. Fomos programados para ter fome, muita fome, e estocar com eficiência calorias sobressalentes na forma de tecido adiposo.
O mundo mudou, mas não a nossa genética. Não precisamos mais caçar nossas refeições. Nós as obtemos em supermercados e restaurantes, em porções generosas e com pouquíssimo esforço. Pior, desenvolvemos técnicas para refinar açúcares, concentrar gorduras e extrair de cada alimento o que ele tem de pior -e de mais gostoso também.
O que o McDonald's fez foi apenas reunir todos os estímulos supernormais por que ansiamos em produtos suculentos e baratos como o Big Mac.
A obesidade é uma doença crônica, incurável e intratável porque vencê-la exige passar por cima de todos os nossos instintos alimentares.
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