De Jânio a Kassab
RANIER BRAGON
FOLHA DE SP - 10/09/11
BRASÍLIA - Falar em eleição de 2012 agora, eu sei, parece quase uma explanação sobre o swap cambial reverso, aquele troço que a maioria de nós acha que até já ouviu falar, mas não sabe bem se morde, se é pra comer ou pra passar no cabelo.
Como os políticos, profissionais que são, parecem não tratar de outra coisa, não custa nada colocar alguns swaps no seu devido reverso. Muito tem sido dito sobre padrinhos e madrinhas e suas respectivas faculdades de cabrestear votos. O Datafolha aferiu que em São Paulo, hoje, Lula influencia 40% do eleitorado, mais do que Dilma Rousseff (26%), Geraldo Alckmin (27%) ou Gilberto Kassab (15%).
Ter um padrinho pop para chamar de seu é o que há, ainda mais para candidatos desconhecidos. Porém, nas sete disputas paulistanas pós-redemocratização -da vitória do já crepuscular Jânio Quadros, em 1985, à reeleição de Kassab, em 2008-, nunca o candidato apoiado pelo Planalto levou a melhor. Nem a exaustiva associação Lula-Marta Suplicy, em 2008, a impediu de cair nas pesquisas.
Os avalizados pelo governo do Estado e/ou da prefeitura tiveram mais sorte, mas também dançaram em quatro das sete ocasiões. Isso não desmerece fenômenos à moda Maluf-Pitta e Lula-Dilma, mas relembra obviedades como a de que o gigantismo e a diversidade de São Paulo conspiram contra pratos prontos e a de que o Planalto inflando candidato a presidente é uma coisa; a prefeito, outra.
Para além de benzedeiros e ungidos, a história recente mostra ainda que a propaganda eleitoral na TV é tão ou mais importante. Por trás da pressão de Lula para que Gabriel Chalita saia da disputa em prol de Fernando Haddad está o fato de PT e PMDB, sozinhos, somarem quase 30% de todo o tempo. Não garante vitória, mas mal não tem feito. Desde 1985, aquele que teve a maior fatia na TV mais que dobrou, na média, sua intenção de voto.
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