sexta-feira, setembro 16, 2011

PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA - 80 é demais, não é?


80 é demais, não é?
PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA
Correio Braziliense - 16/09/2011

Quando Dilma determinou que o PMDB teria de indicar um político ficha limpa para substituir Pedro Novais no Ministério do Turismo, foi um deus nos acuda. E a primeira reação do partido, que um dia o ex-ministro Ciro Gomes definiu como ajuntamento de assaltantes, foi cheia de simbolismo: pôs à disposição da presidente nada menos que 80 nomes. Por uma dessas ironias do destino, o número é exatamente o dobro da quadrilha do famoso conto Ali Babá e os 40 ladrões. É também duas vezes a quantidade de acusados, originalmente, no escândalo do mensalão. Grupo que o então procurador-geral da República descreveu como organização criminosa.

No fim, o partido fechou questão: o substituto seria o deputado federal Gastão Vieira, que é também maranhense e, assim como Novais, conta com a bênção do todo-poderoso presidente do Senado, José Sarney. A presidente sacramentou a indicação. Afinal, como já bem disse o então presidente Lula, "Sarney tem história no Brasil suficiente para não ser tratado como uma pessoa comum". Naquele dia, 17 de julho de 2009, o senador era alvo de denúncias no escândalo dos atos secretos do Senado. E veja só o que disse Lula na defesa do ilustre amigo: "Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim e depois não acontece nada".

É verdade que, durante os oito anos de governo, ou Lula dizia que não sabia de nada ou saía em proteção dos aliados sob suspeita. Com Dilma, o cenário mudou. Por causa de denúncias de corrupção, quatro ministros já foram mandados embora. Pedro Novais, talvez pelo padrinho forte, só caiu porque as lambanças eram tantas que a situação ficou insustentável. Dilma discorda da tese de que o antecessor lhe tenha deixado uma herança maldita. Mas, no Planalto, há muita gente com saudade do tempo em que nada acontecia quando os "malfeitos" vinham à tona e quando o culpado por tudo era sempre o mesmo: a imprensa.

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